A Bahia, sendo especial, abriga o Recôncavo - e a massa de cultura que está abrigada ali, os poetas, intérpretes, músicos são a foto atemporal da resistência dos baianos/brasileiros. Portugal foi pro céu dos poetas e professores - que deve ser bastante mais divertido e cheio de letras e rimas - e nos deixou um pouco mais sozinhos. As letras que o acompanharam vão continuar dançando: teve explosão no Líbano, cogumelo gigante subiu ao céu, meu Deus, que maluquice de mundo é essa? - e justo agora, você não vai estar... O mundo ficou um pouquinho mais árido sem o seu sempre sorriso. Mas vamos sorrir por você, só por teimosia. com explosão, com Covid, com o choro pendurado - o nosso sorriso prolongará o seu ad infinitum, até você se enturmar por aí, com os santos e anjos. Saudades.
1. Poesia indicada pelo Bug Latino
“Filosofia Pura”
“Quanto mais a gente ensina, mais aprende o que ensinou
E o desejo da menina quando o seu corpo fulmina
Acende o fogo do amor
E a sensação divina de dominar quem domina
É que cura qualquer dor
Pois trocar vida com vida é somar na dividida
Multiplicando o amor
Pra que o sonho dessa gente não seja mais afluente
Do medo em que desaguou”
Jorge Portugal
Baiano de Santo Amaro
Filosofia Pura cantada por Maria Bethânia (part. Gal Costa)
Composição: Jorge Portugal / Roberto Mendes
2. Poesia indicada pelo Bug Latino
“A Massa”
“A dor da gente
É dor de menino acanhado
Menino bezerro pisado
No curral do mundo apenar
Que solta aos olhos
Igual ao gemido calado
A sombra do mal assombrado
É dor de nem poder chorar
Moinho de homens
Que nem jerimuns amassados
Mansos meninos domados
Passados medos iguais
Amassando a massa
A mão que amassa a comida
Esculpe, modela e castiga
Massa dos homens normais
Quando eu lembro da massa da mandioca, mãe
Da massa
Quando eu lembro da massa da mandioca, mãe
Da massa
Lelé, meu amor lelé
Lelé, meu amor lelé
No cabo da minha enxada
Não conheço um coroné
Eu quero, mas não quero, camará
"Mulé" minha na fusão, camará
Tá livre de um abraço, camará
Mas num tá de um beliscão
Torna a repetir oi z'amor
Ai, ai, ai
Torna a repetir oi z'amor
Ai, ai, ai
É que o guarda civil não quer a roupa no quarador
O guarda civil não quer a roupa no quarador
Meu Deus onde vai quarar
Quarar essa massa
Meu Deus onde vai rolar
Rolar essa massa
Mas o trem corre é por cima da linha
O trem corre é por cima da linha”
Jorge Portugal
Baiano de Santo Amaro
Letra de Jorge Portugal / Música e Voz de Raimundo Sodré
Parabenizo o BUG por essa homenagem brilhante ao nosso eterno Mestre!
Linda e merecida homenagem!!!