“À margem”
“O mundo está à margem, mas não é dado à superfície.
Frases feitas, respostas prontas, efeitos especiais em defeitos existenciais, o efêmero como verniz da verdade, amores agudos com graves sintomas de levidão.
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Vivemos na superfície da fúria rasa de nossa incontinência verbal. A palavra virou arma de porte liberado para feridas sem cura.
Tornamo-nos gladiadores de planície com a arrogância dos altiplanos andinos, encarcerados nas fidalgas cúrias que julgam e condenam.
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Urge mergulhar no fundo do oceano de nossas essências para despertar desse sonho rasteiro, ou sucumbiremos naquilo que Thomas Hobbes vaticinou: “homo homini lupus”, o homem como lobo do homem!”
Ney Campello
“Fala”
“A poesia é a língua materna da humanidade,
repetem, pela espiral dos tempos, os instruídos
Nos entretantos,
nós,
que só entendemos do desterro,
que por desespero, mastigamos e engolimos
dez línguas, dez madrastas, dez gramáticas e dez poéticas,
nós aprendemos sobre os vossos pronomes possessivos:
nossas as deslínguas, desmães, desgramáticas e despoéticas;
vossos os desditos, os desmandos e a disgrama da palavra
– déspota”
Andressa dos Prazeres
Poesia Baiana
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