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1. Poesia indicada pelo Bug Latino
“É-me indiferente”
“É-me indiferente, se vou
Eu viver na Ucrânia, ou não
Se alguém se lembrará, ou esquecer-me-á
Na neve do exílio -
É-me mesmo indiferente.
Sem liberdade cresci entre os desconhecidos,
E, sem ser chorado pelos meus,
Sem liberdade, chorando, morrerei,
E tudo levarei comigo,
Nem uma pequena mancha deixarei
Na nossa gloriosa Ucrânia,
Na nossa - mas que não é a nossa terra.
E nem se lembrarão o pai com o filho,
Nem dirá ao filho: “Reza,
Reza, filho: pela Ucrânia
Que outrora foi torturada”.
É-me indiferente, se vai
Esse filho orar, ou não…
Mas não me é indiferente,
Como a Ucrânia é atormentada
Por pessoas más, mentirosas, e no fogo,
Já roubada, a acordarão…
Oh, isso já não me é indiferente.”
Taras Shevchenko
Ucrânia, 1847
2. Poesia indicada por Maria Lúcia Levert
“Liberdade”
“Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...
Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.
Quanto é melhor, quando há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!
Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.
O mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...”
Fernando Pessoa
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