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Poesia Presente


De onde viemos

Onde estamos

O que somos

Da saudade

Da vida

Que carregamos


1. Poesia indicada pelo Bug Latino


“Vim das entranhas da Amazônia

Das corredeiras serenas dos rios

Do colo firme do Juruti

Das areias brancas do Tapajós


Cresci à sombra da Floresta

Onde as férteis várzeas se esbaldam com o Amazonas

Onde o cerrado é enobrecido pelo Arapiuns


O tambaqui assado e a pimenta de cheiro

A piracaia e o cantador

O por do sol sobre o Manto azul

A fortaleza da minha origem


Saudade não é nostalgia

Saudade não é sentir a falta

É sim, a presença da ausência

A Saudade não entristece

Agradece ao amor perene”


TS_Helton



2. Poesia indicada por Maria Lúcia Levert


“Trova do Vento que Passa”


“Pergunto ao vento que passa

notícias do meu país

e o vento cala a desgraça

o vento nada me diz.


Pergunto aos rios que levam

tanto sonho à flor das águas

e os rios não me sossegam

levam sonhos deixam mágoas.


Levam sonhos deixam mágoas

ai rios do meu país

minha pátria à flor das águas

para onde vais? Ninguém diz.


Se o verde trevo desfolhas

pede notícias e diz

ao trevo de quatro folhas

que morro por meu país.


Pergunto à gente que passa

por que vai de olhos no chão.

Silêncio - é tudo o que tem

quem vive na servidão.


Vi florir os verdes ramos

direitos e ao céu voltados.

E a quem gosta de ter amos

vi sempre os ombros curvados.


E o vento não me diz nada

ninguém diz nada de novo.

Vi minha pátria pregada

nos braços em cruz do povo.


Vi meu poema na margem

dos rios que vão pró mar

como quem ama a viagem

mas tem sempre de ficar.


Vi navios a partir

(Portugal à flor das águas)

vi minha trova florir

(verdes folhas verdes mágoas).


Há quem te queira ignorada

e fale pátria em teu nome.

Eu vi-te crucificada

nos braços negros da fome.


E o vento não me diz nada

só o silêncio persiste.

Vi minha pátria parada

à beira de um rio triste.


Ninguém diz nada de novo

se notícias vou pedindo

nas mãos vazias do povo

vi minha pátria florindo.


E a noite cresce por dentro

dos homens do meu país.

Peço notícias ao vento

e o vento nada me diz.


Mas há sempre uma candeia

dentro da própria desgraça

há sempre alguém que semeia

canções no vento que passa.


Mesmo na noite mais triste

em tempo de servidão

há sempre alguém que resiste

há sempre alguém que diz não.”


Manuel Alegre

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