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Poesia na Verdade


Nem sempre existe coragem para a verdade

Nem sempre somos capazes de ver a realidade

Nem sempre parecemos humanidade

Mas só nós podemos evitar qualquer calamidade


“Identidade”


"Houve um tempo em que

constava de sua carteira

o dado cor

na minha: pardaescuracabeloscarapinhados.

Diante do espelho, me pergunto

que faço com estes lábios grossos,

este nariz achatado?

Que faço com esta memória

de tantos grilhões,

destas crenças me lambendo as entranhas?

Será que não é demais não ter o direito

de ser negro?

Causa espanto?

Pardaescura é o aspecto que vocês deram

à nossa história.

Morra de susto!

Sou, vou sempre ser: NEGRO!

ENE, É, GÊ, ERRE, Ó.

Aqui, Ó!"

José Carlos Limeira

Soteropolitano



“Sinfonias do ocaso”


“Musselinosas como brumas diurnas

descem do ocaso as sombras harmoniosas,

sombras veladas e musselinosas

para as profundas solidões noturnas.


Sacrários virgens, sacrossantas urnas,

os céus resplendem de sidéreas rosas,

da Lua e das Estrelas majestosas

iluminando a escuridão das furnas.


Ah! por estes sinfônicos ocasos

a terra exala aromas de áureos vasos,

incensos de turíbulos divinos.


Os plenilúnios mórbidos vaporam …

E como que no Azul plangem e choram

cítaras, harpas, bandolins, violinos …”


Cruz e Sousa (1861-1898)

Nascido em Desterro, atual Florianópolis

Poeta considerado como a maior expressão poética do Simbolismo


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