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Poesia do que Somos


Arruda

O futuro será sempre melhor

Se o que somos, melhorar

De pouco em pouquinho

Lentamente

Ou vorazmente

Parados, olhando, gritando, esbracejando

Significa recuando

O início pode acontecer em cada instante


1. Poesia indicada pelo Bug Latino


“EU SOU”


“Eu sou a Amazônia das vitórias-régias navegando,

Eu sou o nordeste árido, sem o tempo da chuva,

Eu sou a transamazônica da consciência nacional,

Eu sou as setes-quedas que o grito do povo não vale nada,

Eu sou as cataratas do Iguaçu, mergulhando nas incertezas do mundo,

Eu sou o colibri que faz pouso no ar, sonhando com o néctar no sentimento humano,

Eu sou o arco íris pintando o sete, e que desaparece no pôr-do-sol,

Eu sou a noite negra sem lua e estrelas, sou a própria tempestade,

Eu sou o dia cheio de luz e cores, como o desfile de fantasias,

Eu sou a lua prateada que banha de nostalgia, a minha boêmia,

Eu sou no espaço da vida, a nuvem passageira, e no éter do mundo, o vácuo profundo,

Eu sou a cigarra que canta com o seu canto, a própria morte,

Eu sou a Angra dos Reis, explodindo em mim, e sou a Itaipu de energias desperdiçadas,

Eu sou a "inflação" desenfreada "definhando" o orçamento do meu ego,

Eu sou a "recessão" para as coisas megalômanas da Nação,

Eu sou a democracia, sem o exercício do voto livre,

Eu sou a liberdade reclamada que não se liberta em mim,

Afinal, quem sou?

Sou a ilusão contida na minha natureza!”


Toshiaki Saito



2. Poesia indicada por Maria Lúcia Levert


“Aos Poetas”


“Somos nós

As humanas cigarras!

Nós,

Desde os tempos de Esopo conhecidos.

Nós,

Preguiçosos insectos perseguidos.

Somos nós os ridículos comparsas

Da fábula burguesa da formiga.

Nós, a tribo faminta de ciganos

Que se abriga

Ao luar.

Nós, que nunca passamos

A passar!...


Somos nós, e só nós podemos ter

Asas sonoras,

Asas que em certas horas

Palpitam,

Asas que morrem, mas que ressuscitam

Da sepultura!

E que da planura

Da seara

Erguem a um campo de maior altura

A mão que só altura semeara.


Por isso a vós, Poetas, eu levanto

A taça fraternal deste meu canto,

E bebo em vossa honra o doce vinho

Da amizade e da paz!

Vinho que não é meu,

mas sim do mosto que a beleza traz!


E vos digo e conjuro que canteis!

Que sejais menestreis

De uma gesta de amor universal!

Duma epopeia que não tenha reis,

Mas homens de tamanho natural!

Homens de toda a terra sem fronteiras!

De todos os feitios e maneiras,

Da cor que o sol lhes deu à flor da pele!

Crias de Adão e Eva verdadeiras!

Homens da torre de Babel!


Homens do dia a dia

Que levantem paredes de ilusão!

Homens de pés no chão,

Que se calcem de sonho e de poesia

Pela graça infantil da vossa mão!”


Miguel Torga

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