Um mundo encantado. Quem nunca se apaixonou pelas aves, seus voos, sua vida, seus mistérios?
1. Poesia indicada pelo Bug Latino
“O pântano da narceja”
“Quando começou o gélido outono, a cegonha estava se preparando para partir para outro lugar, onde sempre faz calor. Então falou com a narceja:
– Venha também comigo. Se você soubesse como há lugares lindos neste mundo! Sempre faz calor e a natureza é maravilhosa, com todo tipo de vegetação e grande variedade de animais.
– É inútil me convidar – falou a narceja – eu estou muito bem aqui! Não há no mundo outro pântano igual ao meu. Mas um dia você também terá desejo de voltar a este pântano.”
Olena Pchilka
Ucraniana
Narceja (ave pequena, de bico longo e reto)
2. Poesia indicada por Maria Lúcia Levert
“Balada das Vinte Meninas Friorentas”
“Vinte meninas, não mais,
Eu via ali no beiral:
Tinham cabecinha preta
E branquinho o avental.
Vinte meninas, não mais,
Eu via naquele muro:
Tinham cabecinha preta,
Vestidinho azul escuro.
As minhas vinte meninas,
Capinhas dizendo adeus,
Chegaram na Primavera
E acenaram lá dos céus.
As minhas vinte meninas
Dormiam quentes num ninho
Feito de amor e de terra,
Feito de lama e carinho.
As minhas vinte meninas
Para o almoço e o jantar
Tinham coisas pequeninas,
Que apanhavam pelo ar.
Já passou a Primavera
Suas horas pequeninas:
E houve um milagre nos ninhos.
Pois foram mães, as meninas!
Eram ovos redondinhos
Que apetecia beijar:
Ovos que continham vidas
E asinhas para voar.
Já não são vinte meninas
Que a luz do Sol acalenta.
São muitas mais! muitas mais!
Não são vinte, são oitenta!
Depois oitenta meninas
Eu via ali no beiral:
Tinham cabecinha preta
E branquinho o avental.
Mas as oitenta meninas,
Capinhas dizendo adeus,
Em certo dia de Outono
Perderam-se pelos céus.”
Matilde Rosa Araújo
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