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O PARADOXO DOS “DOUTRINÁVEIS” Bug Sociedade


Mãe Stella de Óxossi. Foto retirada do site Diário do Brasil

O PARADOXO DOS “DOUTRINÁVEIS” BUG SOCIEDADE

Hollywood criou os intocáveis e a extrema direita criou “Os doutrináveis”. Cada um de nós explica isso com uma teoria diferente sobre o fenômeno. Afinal, como é possível - depois de um mês do novo presidente eleito - ainda vermos Shorts, Reels e Tik Toks sobre “marchas memoráveis”, discursos incompreensíveis, mensagens para extra terrestres e a tal “ilusão fora de contexto” onde “vai acontecer alguma coisa que ninguém sabe qual é, onde vai ser e quem a realizará” – mas que vai acontecer, com certeza, no máximo daqui a 72 horas?

É fato que os “mitos radicais” nascem de generalizações de linguagem. Barack Obama exemplifica algo que posso, do Brasil, me dar ao luxo de complementar. O PT tem a bandeira vermelha; a bandeira dos países comunistas é vermelha; quem votou em Lula, que é do PT, então é comunista. Mas aí vem o pecado da generalização extrema: Papai Noel está aí, pela rua; só anda de vermelho; vermelho é PT e comunista; Papai Noel é comunista!

Como combater as generalizações? Com a vida real. Nem todo mundo que votou no PT é do PT; tão pouco, nem todo mundo que votou em Bolsonaro é de extrema direita. Nós precisamos realmente dar esse passo realista e nos reaproximarmos uns dos outros.

Não pode ser normalizado numa sociedade civilizada, que a estátua em homenagem à Mãe Stela de Oxóssi tenha sido incendiada - e na Bahia. Se foi uma ação religiosa, não importa: é criminosa.

Temos que receber os que foram doutrinados e tiveram o pensamento crítico apagado, mas o limite continua e continuará sendo o mesmo – a civilização. Não há “marcha” que chegue para apagar o preconceito; não há “reza” que chegue para apagar atos terroristas, golpistas. Não há nada que explique usar a democracia para tentar nos empurrar uma ditadura. Depois podem “chorar à vontade”, que não dá pena nenhuma. Não há tentativa de contato imediato com “Ets” que explique como pessoas foram impedidas de chegarem ao seu destino mesmo com risco de vida, à saúde, emocionais. Esses doutrináveis são cruéis e não há muito espaço para a crueldade em uma sociedade. Ninguém pode ir marchar por valores contraditórios (porque afinal não são iguais aos normais) gritando Pátria, Família e Deus pra depois ir para a própria escola matar professores e colegas. Armado e sabendo atirar, aos 16 anos. Dirigindo, aos 16 anos. É muito desequilíbrio.

O tão facilmente “doutrinável” é necessariamente, desequilibrado. Porque o caso nunca foi direita e esquerda, afinal: o caso sempre foi destruir tudo, ao ponto do que sobrar pertencer a pouquíssimos. E sobrou pouquíssimo, entendam – apenas, as ruínas voltaram para as nossas mãos e vamos tentar reconstruir o que for possível. Não é o governo do Lula, do PT, dos comunistas – é o Governo do Brasil – um País que foi destruído por pessoas difíceis de qualificar.

Pra você que ainda tenta despertar: o lugar onde todos pensam igualzinho – não tenha dúvida – é um lugar fabricado. Não é real. Na vida real, se não tem banana no mercado, você substitui por outra fruta. Se o seu sabão ficou caro, você troca de marca. Não existe o insubstituível. Existe o bom senso. E enquanto vocês se entregaram ao efêmero de amar um político – bem na sua frente – as escolas foram destruídas, o SUS ficou em situação de calamidade, o emprego “virou bico” e 33 milhões de miseráveis transformam nosso sono em pesadelo – é impossível não sentir dor por nós mesmos. É impossível.

Ana Ribeiro, diretora de cinema, teatro e TV


Trevor Noah, sul africano charmoso, respeitado humorista e apresentador resolveu parar de apresentar “The Daily Show”. Os gananciosos, ambiciosos e cegos pela fama não entenderam nada. Mas Trevor parece entender da vida, da saúde física e mental, do equilíbrio e bem estar que é preciso buscar constantemente, mesmo que para os outros pareça que está a abandonar o melhor dos mundos. Nestas “despedidas”, entrevistou mais uma vez Barack Obama e vale muito assistir a esta entrevista – link no final. Sempre se aprende dignamente com um ex-Presidente humano, que sabe perder, sabe ganhar, sabe o seu lugar, sabe o quanto precisamos nos dedicar totalmente para resolver os infinitos e profundos problemas que temos no planeta, na sociedade, no presente e no futuro. Dá soluções, se empenha para essas soluções, contribui, colabora. Quem poderia imaginar que existiriam ex-Presidentes que amuam, que se escondem quando perdem, que destroem tudo para quem vem a seguir não conseguir nada – mesmo que isso implique destruir o seu país (Pátria), destruir a vida de milhões de famílias necessitadas (Família), destruir a paz nas religiões existentes no país (Deus). Sua preocupação é quanto vai ganhar, quanto se vai “dar bem”. Que pobreza de espírito. Sabemos bem que destruir é uma ação muito rápida, construir uma ação muito lenta e que implica muito trabalho e muita coragem – (re)construção que já começou e que já foi feito e está a ser preparado mais num mês do que em 4 anos de “bolsodevastação”. “Fatos, lógica, razão, provas, permitem a procura de soluções melhores. Sem isso é só conversa, sem nexo, slogans, só invenções, só Fake News sem saída, sem melhoria, sem comparar com a realidade – sem reality check.” (Barack Obama)


Will Smith ficou muito mais conhecido depois do vexame na cerimônia dos Óscares de 2022. A cerimônia de 2023 acontece em breve e eis que ele surge numa entrevista, num ambiente educado, afetuoso, amigável para colocar o passado, no passado. Afinal ele está num filme que sai agora, também está fazendo um documentário e a sua imagem precisa ser melhorada, recuperada. Quem dera que os comuns mortais pudessem ter essas possibilidades e oportunidades, né?


Portugal. O jogador de futebol, atualmente, além de ter de provar em cada jogo, em cada segundo, que merece fazer parte daquele jogo, daquele time, daquela seleção, também enfrenta exames orais piores do que o exame de admissão para o STF (Superior Tribunal Federal), nas conferências de imprensa. Somos tão curiosos, ou intrometidos, ou coscuvilheiros. Ou é a forma vazia que os jornalistas encontraram para criar notícias, mistério, intriga, etc, para vender mais jornais. Porque são umas perguntas sem nexo, sem criatividade, a criação de novelas, ou perguntas umas iguais às outras. Falamos muito que os jogadores precisam aprender a falar. Bom, já aprenderam. Agora os jornalistas precisam melhorar.

Hoje é dia de sofrer e manter a esperança de ter uma final Brasil – Portugal. Sonhar é “free”!


Brasil. Cheira a hexa. Um time talentoso, que está unido, organizado, preparado, que parece um time e não um conjunto de jogadores vedetas somado com jogadores menos dotados, como em outros anos. A torcida é exigente, alguns jornalistas comentadores também. Gosto de ouvir as mulheres jornalistas brasileiras que na minha opinião são o futuro - sensatas, educadas, com conteúdo, ponderadas, formadoras, construtivas. Show! Às vezes todos esquecemos que criticamos pessoas que estão com frequências cardíacas elevadíssimas, desgaste físico absurdo, responsabilidade, tensão, risco, enquanto estamos sentados confortavelmente assistindo. Neymar parece ter recuperado a lesão no pé e também uma maturidade surpreendente. O Brasil agradece demais por isso.

Ana Santos, professora, jornalista



Barack Obama - Protecting Democracy and the Commitment to Facts | The Daily Show https://www.youtube.com/watch?v=mqaODYJ702s

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