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“O BANQUINHO POLITIZADO” e “Para onde olhar, para onde caminhar” Bug Sociedade



Cascata, Ana Tristany
Cascata, Ana Tristany

“O BANQUINHO POLITIZADO” Bug Sociedade

Claro que se poderia aproveitar e falar mais uma vez de política – mas ao invés disso, vou falar de nós. Nós todos. Afinal o nome da coluna é Bug Sociedade.

Bem na véspera de 2025 – e de tanto cumprimentar as pessoas do meu bairro, mesmo não as conhecendo de nenhum lugar – percebo que todos ao meu redor já se sentem “aptos” a dar sua opinião diante de qualquer coisa que estejamos fazendo. E sempre estamos fazendo alguma coisa, eu e a outra Ana.

Hoje portanto disseram que eu não deveria me expor, passando um líquido no muro, de cima de um banquinho.

- Perigoso – o vizinho afirmou. E rapidamente passou a falar da falta de cuidado com a gente, do Arthur Lira. E dele passou em outro pulo para os deputados dessa Câmara e dela para o Congresso Nacional, a polícia, o Rei do Lixo, a Prefeitura, a minha calçada – o que arrematava o fato de que no Brasil não devíamos nos expor a perigos desnecessários, como subir no banquinho para passar o impermeabilizante no muro.

Olhem que volta – e que arremate. Sim, arremate. Porque na hora, citei duas pessoas que hoje são referência do Brasil que espero encontrar em breve: Flavio Dino e Xandão. E pegando pesado quando encontram o hiato da má intenção ao redor da ação. O rigor da lei em qualquer ação.

Vi num filme o bandido dizer com voz mansa que, para o corrupto, não havia corrupção - porque tudo começava de leve, com pequenos favores:

- Se posso “quebrar o galho” e arrumar “a vaga” para o seu sobrinho... se a gente chegar a um “acordo” acerca de como ele pode me ajudar quando chegarem os contracheques, nem precisa vir trabalhar.

E daí em diante, só crescer em ambição, em emenda, em negociata, em desvio... afinal, o dinheiro é público...

Um homem fazia xixi na coluna da reitoria da UFBA. Logo reclamamos:

- Que é isso, moço! Isso é lugar? Pelo amor de Deus, ninguém merece...

Ao que ele – zangado – expressou:

- Claro que é lugar! Aqui é público, minha senhora!

O que nos deixa a pergunta-chave de 2024/25: Vamos nos manter impassíveis vendo o Pastor enganar, o deputado mentir, o senador desviar, o Governador corromper, o Prefeito não fazer porque, afinal, público é o lugar onde se “puxa o instrumento” e se faz xixi? O namorado irá bater, violentar, matar, atirar, queimar porque afinal... não é problema nosso?

Na hora de votar, quem quer comprar meu voto? Vale qualquer tostão, centavo, docinho, cerveja... Afinal, se o político desviar, o dinheiro é público e público é o lugar onde qualquer um faz xixi...

Será que não passamos da hora de ver o mundo nos olhos? De olhar na cara do mundo? Deixamos até quando os políticos serem corruptos? Até quando? Até o mundo ficar inabitável para as próximas gerações? Até quando vamos nos deixar viciar em telas, jogos, compras, álcool, comida, sem nunca gerar um único pensamento acerca das condições de vida do entregador?

- Você sabe com quem está falando? Eu sou rica e você pobre - e a cidade enchendo mais a cada chuva? Jura mesmo? 2025 está a um dia e o prefeito não é acionado quando a gente vê que alguém tapou os bueiros?

Em 2025 pense em todos – se inclua nisso. Porque a cidade enche para todos, a seca é pra todos, a dor é de todos, os tiros, a polícia desajustada, descontrolada, histérica, necessitando de procedimentos, formas de agir, controle, sistema – ufa! De nós, os cidadãos, exigindo que o nosso dinheiro – um dinheirão! – chegue aos lugares certos e não escape no bolso de ninguém, enquanto o descaso cai e afunda como uma ponte...

Juízo em 2025, cidadão...

Ana Ribeiro, diretora de cinema, teatro e TV

 

“Para onde olhar, para onde caminhar” Bug Sociedade

Eu não sei se sou eu que só leio notícias horríveis, ou se os mídia só divulgam notícias horríveis, ou se o mundo está cada vez com mais acidentes, guerras e problemas. Aviões que caem por problemas humanos ou técnicos; ônibus que caem em penhascos, que chocam com caminhões/camiões, carros ou caem na água gelada; crianças, jovens ou adultos comuns que morrem atingidos por tiros vindos de armas de forças de “segurança” ou morrem por agressões de policiais; assaltos ou roubos que viram assassinatos; casamentos de amor e famílias perfeitas que viram casos de terror; estupros e violações cada vez mais frequentes e cada vez mais escabrosos; trabalhos análogos a escravatura/escravidão brotam de todos os lados; guerras, invasões, manipulações, mentiras, entre cada vez mais países; uma lista que progride sem travão...

Os neurocientistas estão sempre a lembrar que nosso cérebro foi “preparado” para sobrevivermos aos perigos, não foi preparado para a felicidade. Em cada situação, nos avisa das 99% de probabilidades de acontecer algo prejudicial e deixa apenas 1% para nos mostrar a beleza daquele momento. Isto num mundo onde se fala cada vez mais na necessidade de viver o momento – talvez seja bom acrescentar que precisamos viver o momento, mas olhando para o que ele tem de bom.

É engraçado porque durante muito tempo achávamos que cada um era o que seu cérebro lhe dava, lhe sugeria, protegia, estimulava, decidia. Achavamos que a alma estava no peito e que o cérebro era a “cabeça” – quantas vezes falamos que algumas pessoas agiam com a cabeça e outras com a alma. E afinal os dois – alma e cabeça, estão no mesmo lugar.

Nós, que não vos sei muito bem dizer o que significa fisicamente, precisamos decidir se aceitamos o que o cérebro nos propõe a cada momento da nossa vida, ou se o incitamos a quebrar preconceitos e padrões de aprendizagem civilizatórios desatualizados. Como se precisássemos de atualizar as “versões” do nosso cérebro a cada momento, cada situação, cada comportamento. Somos algo que pode permanecer sempre igual se nada fizermos ou podemos ser muito melhores se aceitarmos fazer esse esforço, ter essa preocupação, gastar essa energia. Socialmente somos os comportamentos que temos. Se sorrimos somos simpáticos, se gritamos somos barulhentos, se falamos pouco somos antissociais, etc. Talvez ao percebermos que o que somos pode ser decidido por nós, na hora de escolher um comportamento, talvez, repito, talvez possamos conseguir construir a pessoa que queremos ser. Uma pessoa que não repete o que as outras repetem, uma pessoa que atualiza seus pensamentos, atualiza seus comportamentos, que se avalia e se conserta a todo o instante.

Ano novo chegando. É sempre um momento de muito entusiasmo, onde temos mais facilidade para começar do zero, para avaliar nossa vida, o estado da nossa situação, o que estamos a construir para obter no futuro, o que podemos mudar, retirar, colocar. Era bom termos esse hábito, pelo menos semanalmente, como fazem os bons atletas e treinadores. O ideal é até fazê-lo diariamente, tendo uma pequena reunião com nosso cérebro antes de adormecer, conversando sobre o que foi bom e o que esteve menos bom e como podemos corrigir no dia seguinte. Terminar essa “reunião” pensando nas coisas boas que aconteceram é, também, um excelente medicamento para adormecer.

Que em 2025 possamos ser melhores em controle de impulsos, percepção de riscos e tomadas de decisão, do que em 2024. Que sejamos conscientes de que nada somos, de que não somos melhores do que ninguém, de que morreremos sem nada, levando apenas nosso corpo e deixando o que construímos emocionalmente com os outros e dentro de nós.

Desejo a todos, vontade, esperança e energia para se renovarem, se corrigirem, se reformatarem, atualizarem as suas versões, eliminarem aplicativos que já são obsoletos, adquirirem aplicativos inovadores – mas sem se encherem de aplicativos. Conversem com vosso cérebro, expliquem-lhe que ele precisa se adaptar ao novo mundo. Evitem diálogos internos compulsivos e usem e abusem de diálogos internos motivacionais, instrucionais, sociais. O mundo muda e melhora quando nós mudamos e melhoramos.

Um fantástico 2025, repleto de aprendizagens e crescimento.

Ana Santos, professora, jornalista

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