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Hoje, poesia


É hoje. É sempre hoje. O que temos. Onde podemos. Enquanto podemos. Agarre o hoje com todas as forças. Hoje. Hoje.


1. Poesia indicada pelo Bug Latino


Canção


“Não te fies do tempo nem da eternidade,

que as nuvens me puxam pelos vestidos

que os ventos me arrastam contra o meu desejo!

Apressa-te, amor, que amanhã eu morro,

que amanhã morro e não te vejo!

Não demores tão longe, em lugar tão secreto,

nácar de silêncio que o mar comprime,

o lábio, limite do instante absoluto!

Apressa-te, amor, que amanhã eu morro,

que amanhã eu morro e não te escuto!

Aparece-me agora, que ainda reconheço

a anêmona aberta na tua face

e em redor dos muros o vento inimigo…

Apressa-te, amor, que amanhã eu morro,

que amanhã eu morro e não te digo…”


Cecília Meireles


2. Poesia indicada por Maria Lúcia Levert


“Aquela Cativa”

(a ũa cativa com quem andava d’amores na Índia, chamada Bárbora)


"Aquela cativa

Que me tem cativo,

Porque nela vivo

Já não quer que viva.

Eu nunca vi rosa

Em suaves molhos,

Que para meus olhos

Fosse mais formosa.

Nem no campo flores,

Nem no céu estrelas,

Me parecem belas

Como os meus amores.

Rosto singular,

Olhos sossegados,

Pretos e cansados,

Mas não de matar.

Uma graça viva,

Que neles lhe mora,

Para ser senhora

De quem é cativa.

Pretos os cabelos,

Onde o povo vão

Perde opinião

Que os louros são belos.

Pretidão de Amor,

Tão doce a figura,

Que a neve lhe jura

Que trocara a cor.

Leda mansidão

Que o siso acompanha;

Bem parece estranha,

Mas bárbara não.

Presença serena

Que a tormenta amansa;

Nela enfim descansa

Toda a minha pena.

Esta é a minha cativa

Que me tem cativo,

E, pois nela vivo,

É força que viva."


Luís de Camões

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