“GAY DE VERDE E AMARELO!” Bug Sociedade
E foi preciso a Madonna “desdiabalizar” o verde amarelo, pras “monas” LGBTs instituírem que a canarinho voltou a ser a camisa da felicidade, gente! Tudo bem que o time do Brasil é composto de Vini Júnior lindo, maravilhoso, negão da brasilidade corajosa e... hum... (deixa pra lá, que do jeito que a seleção é machista, o Neymar joga até de muleta...).
A parada gay pra variar foi um sucesso. O movimento gay, pra variar se mostra, discute temas importantes, levanta pautas, instiga as pessoas, inclui todo mundo.
É isso que o pessoal do “Unidos do Tudo é Pecado” não entende: Jesus era inclusivo. Testemunho inexorável de Maria Madalena, claro. E a sociedade descobre coisas sempre, parece incrível. De Jesus até aqui, quantas coisas foram descobertas/permitidas?
Engraçado que os “antipecado” não falam nada de divórcio: os machistas amam separação sem rastro e se bobear, sem deixar pensão alimentícia também! Os hétero cis amam amantes, cornos e traições: tem algum antipecador culpando o Trump, mesmo ele tendo sido condenado por... trair a mulher grávida, comprar o silêncio de “n” prostitutas, estar com um filho recém-nascido na época, instituir um jornal que comprava silêncio em seu lugar, conspurcar a sua campanha com tudo isso na maior cara de pau e mais de 30 outras condenações? Alguma igreja? Algum pastor? Alguém gritando, berrando, blasfemando contra o “pecador” Trump?
- Hum... Não!
Pois ontem todos fomos à parada gay, em São Paulo - programa chique, super cult, alegre, politizado, nada – graças à Deus - conservador (embora os antipecado estivessem escondidos em peso no show da Madonna), que liberou o verde amarelo geral pra todo mundo de volta, gente!
Precisou uma americana vir aqui pra abrir a porta do Brasil para os brasileiros, de novo. Ela! Acompanhada da Anitta e da Pablo! E agora junto de todas as drags e de todo o gênero feminino - o que inclui as mulheres trans na nossa cota!
Somos todos parte LGBTQIA+ da parada – mesmo os heteros. Apenas os “sem pecado (onde estão?) e o hipócritas (o inferno vive lotado...) estão fora da cota da participação moral – e de verde amarelo – nessa parada. O meu “gosto de Brasil” melhorou, sabia? Mesmo com o Congresso querendo privatizar a única coisa que todo mundo dividia – a praia. Será por isso? Neymar acha praia uma coisa “comunista”, afinal? Luana Piovani é “comunista, junto com Elisa Lucinda e outros? Para a novela, gente: Descobriram um jeito de quase 100% dos brasileiros ser, virar, querer ser “comunista! Como a esquerda ainda não se apropriou dessa ideia genial, gente?
A praia brasileira é comunista, usa verde amarelo, ama a parada gay de São Paulo – super mega blaster chique - e não suporta esse discurso antipecado que se ninguém ainda nomeou – é de mentirinha, gente! Olha aí ao redor – pra frente, direita, esquerda, atrás – olhou bem? Todo mundo é pecador!
Eta Congresso... pobreza de espírito não tem vez no céu...
Ana Ribeiro, diretora de cinema, teatro e TV
“Família Piccard” Bug Sociedade
O mundo é um lugar extraordinário. Onde sucedem coisas maravilhosas. Com pessoas que nos fazem muito bem.
O mundo é um lugar imprevisível e terrível. Onde sucedem coisas horrorosas. Com pessoas capazes de fazer maldades inacreditáveis.
Todos teremos a alegre e triste oportunidade de viver ambos lados desta vida, a misteriosa vida. Parece tão fácil, parece até uma brincadeira, quando fazemos tudo certo e ela nos dá o retorno mágico – concretiza nossos sonhos. Mas ela tem outras coisas para nós e sem avisar, sem nem nos preparar, nos entrega essas surpresas. Por vezes nos embola a vida, embola nosso coração, embola nosso futuro. Por vezes nos leva mais cedo, por vezes nos deixa aqui mas tira-nos tudo, por vezes nos mostra que o que achávamos que tínhamos afinal não era nada nem ninguém. Por vezes, degrada tudo à nossa volta, ou degrada todos os que amamos. E outras vezes mostra-nos quem as pessoas são de verdade.
Parece que a verdadeira vida acontece na hora em que estamos mais velhos, ou menos capazes, ou com poucos recursos. Estarmos bem, rodeados de pessoas que amamos e que nos tratam bem, com recursos financeiros para fazermos o que desejamos, parece mais com o aquecimento antes do jogo, ou com um ensaio de teatro. Isto começa a sério quando “o caldo entorna”, quando as costas dos que consideravas amigos se viram, quando o teu esforço e dedicação não se reflete em lucro, fama ou qualidade de vida.
Morgan Freeman afirma que nos Estados Unidos existe mesmo o sonho americano – qualquer um pode virar milionário, famoso, ter sucesso, o que você desejar. Você pode começar do zero e virar, como ele virou, um ator soberbo e mundialmente famoso – com uma voz, uma dicção e uma expertise única como narrador. Mas também você pode nascer numa família rica e ficar sem nada. Tudo isso pode acontecer nos Estados Unidos. A Terra da Oportunidade. A diferença está no que se deseja e no quanto se luta por isso. Morgan diz também que se você nascer na Índia, isso não é possível. Se você nasce numa casta, nunca sairá dessa casta – o sistema não te permite. Os ricos serão sempre ricos, os pobres sempre pobres. As famílias com oportunidade, poder, aliados, sempre serão as mesmas, sempre terão a vida facilitada. Eu sabia disso, mas pela primeira vez me dei conta de que existem muitos outros países que têm “sistemas” semelhantes à Índia. Apenas fingem que não são assim, mas são. Você deseja fazer algo que ninguém aceita, todos criticam e todos impedem a sua concretização. Você não entende porque se dedica tanto, fazendo um trabalho digno, importante para todos e as pessoas impedem que esse trabalho se desenvolva. Mas se se lembrar das palavras de Morgan Freeman, você entende melhor e decide se continua ou desiste – traduzindo, você decide se aceita a realidade das castas ou se tenta quebrar esse enguiço e criar caminhos novos, caminhos de “oportunidade americana”.
Todas as pessoas se emocionam quando assistem ao desespero de uma ave que quer voar, mas não consegue porque tem as asas quebradas ou presas. Curiosamente não se emocionam, nem percebem quando alguém, do seu lado, sofre de algo semelhante a essa ave. Muitas vezes ainda comentam que essa pessoa exagera no que deseja, se achando superior ao que é. Outras vezes colaboram nesse aprisionamento sem nem dar conta.
Talvez bons exemplos ajudem a reposicionar os pensamentos. Talvez as pessoas compreendam melhor que, tal como as aves que devemos deixar livres e com suas asas funcionando, também devemos incentivar os outros a perseguir o melhor de si. No Bug o nosso programa “Era Uma Vez...” conta histórias de pessoas comuns que se tornaram pessoas diferenciadas, que conseguiram voar, mesmo com as asas danificadas. Quando começar a desanimar, veja um ou dois episódios desse programa. Ou se estimule, do seu jeito, com os feitos da família Piccard. Bertrand Piccard, explorador e psiquiatra, vem de uma família que quebra marcas e recordes. Onde se aprende que o que nunca foi feito, é para fazer. Seu pai explorador, sua mãe amante de música e espiritualidade oriental, colocaram em Bertrand uma curiosidade pelo mundo exterior que ainda não foi explorado e pelo conhecimento do nosso interior. Foi o primeiro homem a dar a volta ao mundo com seu avião movido a energia solar. Seu pai foi o homem que conseguiu chegar mais fundo nos oceanos, em 23 de janeiro de 1960 na “Fossa das Marianas” até 10.916 metros de profundidade. Recorde que ainda não foi batido. Seu avô, Auguste Piccard, foi o primeiro homem a ver a terra redonda, em 1932. O impossível não existe nesta família, como impossível. Existe o que ainda não foi feito ou explorado, existe o que está aguardando ser descoberto. Existe o que precisa ser alcançado. Com trabalho, estudo, dedicação, talento e esforço.
Ana Santos, professora, jornalista
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