Quando jovens, sentíamos não existirem fronteiras ou limites para a imaginação.
Tudo parecia alcançável com maior ou menor esforço, com mais ou menos esfoladelas de joelhos.
O pior eram os rasgos na vestimenta.
A mesma que passava de irmão em irmão e que era laboriosamente mantida em condições apresentáveis.
Aqui e ali, lá íamos tentando convencer a matriarca da casa, que eram as tendências dos novos tempos, para de imediato sermos saudados com as habituais tendências, (de todos os tempos!), que nos aqueciam a derme, epiderme, nos garantiam sempre “boas cores”, e de quando em vez, uma nova visão do mundo.
Era assim a nossa existência e fortuna.
E que boa era a nossa sorte, o aventurarmo-nos nas nossas infindáveis e tantas vezes secretas façanhas.
O não ter medo ou receio de qualquer risco, sermos donos e senhores do trajecto ou propósito que traçávamos para um breve momento que fosse.
Umas vezes numa solidão desejada, outras no extraordinário caos duma tribo sem dono ou líder.
E que aventuras aquelas…
Éramos tudo e todos. Actores de todos os cenários, de todas as histórias, de todos os heróis conhecidos, partilhados e vividos com pleno rigor.
Com novas ou velhas tendências à mistura, lá nos íamos reinventando nas possibilidades de cada instante, circunstância ou inspiração.
Sempre com “boas cores”, porque os bons hábitos são para se manter, e a felicidade como coisa preciosa tem os seus custos e sacrifícios.
Sempre dispostos a “correr atrás do prejuízo”, dum rival ferido na sua honradez e lealdade ou dum vizinho furibundo com as nossas frenéticas recreações.
E sempre atentos ao figurino, que não seguia modas nem tendências. Seguia sim, com maiores ou menores ajustes, para outro corpinho com rigorosas instruções de bom uso e manutenção.
E assim se faziam as tendências desses tempos. Coloridas, criativas e originais quanto baste.
Já nesses tempos, a necessidade aguçava o engenho…
Na diversão ou deveres, era o segredo para o sucesso, para o conhecimento e até para as novas visões do mundo.
Como diz a canção:
“Tem de acontecer, porque tem de ser E o que tem de ser tem muita força E sei que vai ser, porque tem de ser Se é pra acontecer, pois, que seja agora”
(Deolinda “Seja Agora” 2013 - Compositores: Pedro Da Silva Martins)
João Paulo Pimentel – maio 2021
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