“CIDADANIA É O QUÊ, MESMO?” Bug Sociedade
A gente ouve falar de cidadania muitas vezes. “Seja cidadão, faça a sua parte” foi uma frase que eu mesma criei, enquanto mostrava leis que foram aprovadas na Câmara de Vereadores aqui da nossa cidade e que as pessoas insistiam em descumprir.
Acontece que agora eu venho alimentando uma dúvida, que anda me consumindo a mente. As pessoas – o cidadão comum – estão confundindo oportunidade com corrupção? Será?
Porque uma coisa é nós sabermos da existência de contratos e licitações ilegais com a conivência entre quem tem o poder – no caso, alguém do legislativo, executivo e/ou do judiciário e a pessoa que ganha a licitação – o empresário ou o prestador de serviço, no caso.
Mas outra coisa totalmente diferente é alguém pensar/dizer algo como: “o político tal, o vereador tal ajudou minha filha que estava abafada, estudando muito e deu a chance de não precisar trabalhar todo os dias ou lhe deu o emprego em período integral, mesmo sabendo que ela só iria mesmo às tardes. Ou: o deputado fulano falou que não tinha problema ela não trabalhar, desde que no final do mês, quando fosse pegar o contracheque, deixasse lá a “ponta dele”.
Repararam? Tudo isso – tão “brejeiro” – são crimes.
Eu pergunto a todos: um assessor parlamentar X, quando diz isso, acredita que está sendo ajudado ou é um mentiroso contumaz, totalmente desavergonhado? Resposta 1, senhores...
Alguém tenta denunciar o líder dessa gangue, organização criminosa? Sim, porque se o político documenta que paga X dinheiros, mas pega escondido uma parte desse X, ele está roubando do dinheiro público que o paga – nós, por acaso. Isso é peculato e, portanto, crime. Mas se a pessoa se sente ajudada, ao invés de denunciar, ela protege – protege o ladrão do dinheiro dela, achando que aquela “ponta” é uma benção, quando ela poderia ter um serviço público que funcionasse bem melhor se ficasse “no pé” de todas as excelências que existem.
Olha lá São Paulo: o prefeito é acusado de vários crimes, mas em nome da tradição “que dá aquele comprimidinho salvador, marca aquela cirurgia em troca de votos”, as pessoas acham que estão sendo abençoadas, ao invés de gravarem tudo e levarem a queixa até a polícia.
Será que elas sabem que estão sendo enganadas várias vezes no processo? Acho que nem desconfiam. Acho que nem perceberam ainda que ficam agradecidas por seus funcionários – os políticos são nossos empregados – as contratarem para muitas vezes cometerem crimes que elas nem desconfiam que estão cometendo – e usando o dinheiro delas mesmas, imaginem.
Em Curitiba, os candidatos a prefeito falam sobre ganhar a eleição para combaterem e acabarem com o comunismo no Brasil. Se não fosse triste, seria hilário. Será que as pessoas sabem a diferença entre Município, Estado e Nação? Curitiba, uma cidade com alto nível de alfabetizados grita que não.
Moral da história: está tão confuso, que o cidadão precisa ter lugares onde comece a treinar cidadania. Não é só na hora de votar, não é uma aula teórica, mas na hora de ter onde reclamar, onde denunciar, onde dar queixa das coisas. Algum Instituto, Fundação, ONG pra abrir essa porta? O Bug Latino é um pinguinho de água no bico do passarinho, mas está presente.
Ana Ribeiro, diretora de cinema, teatro e TV
“A realidade precisa de nós” Bug Sociedade
Bruno Mars está dando concertos no Brasil. Mega concertos. Um caso de sucesso espetacular, compondo e cantando. Tem várias canções que são e serão eternas. Desde 2022 que existem rumores de que Bruno teria uma dívida de 50 milhões de dólares de jogo.
Sean Combs, mais conhecido por Diddy, é uma caixa de pandora, das mais terríveis, das mais inacreditáveis. O mundo da música, do cinema, mais uma vez manchados, mas daquelas manchas de ameixa na blusa que não vão sair nunca. Coisas impensáveis aconteceram, aconteciam, algumas estamos sabendo aos poucos para as digerirmos e outras nunca saberemos. E talvez seja melhor.
Elaha, Fatima, Fayeza, Maliha, Neda, Tamana, Wahida e Zainab, são do Afeganistão. Neste momento vivem em Portugal. Podem ver o mar, estudar, trabalhar, vestir o que desejam, decidir sobre a sua vida. Ser mulher não é tão simples. Ser mulher por inteiro exercendo todos os seus direitos, é cada vez mais difícil. Em muitos lugares do mundo, é mesmo impossível, como no Afeganistão, mas na maior parte dos países onde se “acha” que as mulheres são felizes, está se tornando cada vez mais difícil. Os homens nem percebem – que está a ser cada vez mais difícil, que eles permitem que piore e em muitas situações são eles que estão piorando a nossa condição. Aqui o documentário sobre estas mulheres do Afeganistão, tentando viver um pouco da vida que merecem, em Portugal.
Bárbara Tinoco, 25 anos, um fenômeno português encantador. Na prova cega de um programa de vozes, não foi escolhida mas deixaram-na cantar uma canção original. Bastou. Um produtor muito bom, português, contactou-a e trabalha com ela até hoje. A primeira artista portuguesa Pop a esgotar o MEO Arena! Uma produção espetacular. Suas letras são as nossas vidas, de todas. Escolha uma canção, “ao calhas”. Qualquer uma lhe vai recordar de algum momento. Seu. Meu. E das outras. De todas. Impressionante. Lindo. Vida longa GRANDE Bárbara. A Bahia precisa te conhecer.
Trueno, 21 anos, argentino. Cantor de Hip Hop, filho de pai músico e ativista. Filho de mãe cantora e ativista. Um fenômeno. Basta ouvir uma das suas canções para perceber que é coisa séria – ouça Terra Santa. Deixo aqui o link. Que Deus nos ajude e não seja machista.
É difícil ver a realidade. Nossos olhos e nossos corações tentam ver o bom, o que de melhor as pessoas têm – até que a realidade insiste, insiste e chega uma hora que precisamos ver algumas coisas que detestamos, que nos desanimam, chocam e até dão medo. E seguimos, mastigando o que não queremos aceitar que existe e desejando que o que amamos na vida se mantenha.
Vimos um filme recentemente onde um elefante reagia com talento a uma linguagem que poucos conheciam naquela companhia de circo. Até descobrirem, o elefante sofreu porque o dono do circo o torturava por ter gasto uma fortuna num animal que nada fazia. Eu me pergunto tantas vezes porque não descobrimos a linguagem que permite a cada um demonstrar sua genialidade em vez de buscarmos o pior de cada um?
No dia que tiverem a sorte de assistir ou ajudar uma pessoa a “desabrochar” seu talento, vão querer fazer isso para sempre na vossa vida.
Ana Santos, professora, jornalista
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