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“As crianças e o futuro” Bug Sociedade


Foto de desenho de criança de 6 anos

Ainda hoje recebi um card obscuro de alguém fazendo marketing de uma rádio que se apoia na polarização e num governo no qual não tenho nenhuma confiança/relação/respeito. Não adianta pedir, explicar, justificar que prefiro a ciência, a vacina, as relações diretas, uma nova forma de fazer política e que isso não é direita, nem esquerda – é apenas uma forma firme de ser brasileira.


Se os adultos metem um palavrão no texto e acham que é uma justificativa qualificável dizerem-se “negros de direita e daí”? (o que a raça tem a ver com isso, não sei), o que sobrará para as nossas crianças aprenderem com eles? Palavrão porque sim, porque eu quero, porque eu mando(?).


Se a polarização alimentada pelas redes sociais continuar e nos for totalmente proibido pensar, serei subversiva, creio – apenas não posso abrir mão de pensar. Quando tudo for comprado (agora já chegamos ao quase tudo), quem ensinará os princípios básicos de convivência humana? Um robô? Aos pais basta colocar nas redes “nasceu minha princesa”(?). Os inúmeros, infinitos e infindáveis nãos que recebi, com minha mãe olhando nos meus olhos, ainda existem? Existirão?


Diga sim, dê o “play no game do celular” e seu filho vai deixar você livre pra viver!


O futuro é mesmo capturar os olhos dos pequenos com pequenas telas para que não saibam mais segurar os garfos e as facas da vida? Os lápis e canetas?


Sinto muito, mas olho para o futuro, para as crianças e, com poucas exceções além da Greta, o que há pra ver? Olho para a CPI e penso que os filhos de alguns senadores terão mais sorte do que de outros porque defender o indefensável é se corromper. Por dentro. Pelo lado do espírito.


Os princípios não se compram, a coragem é a mais importante das qualidades e a covardia a pior. Há que se ter coragem para denunciar os maus feitos porque é impossível impedi-los de acontecer. Arrumar uma indicação para um trabalho sem que se tenha qualificação é um erro humano porque imbeciliza quem entrou naquele lugar.


O super diretor de uma Agência Nacional é apenas mais um imbecil indicado que não serve pra nada, não se expõe por anda, não defende, não aponta, não fiscaliza. Apenas ganha. É um inútil. Vimos muitos na CPI. Queremos mesmo perpetuar esse futuro? Queremos mesmo ministros que chegam dizendo que amam a ciência e que depois desembarcam da educação “dando dedadas em New York”, mas em dia com a babação nacional de “ovos”?


O Brasil me deixa confusa. Quem ensinou o diretor da Agência Nacional sabe educar? Ter um trabalho onde você não faz nada é honesto? Você teve uma oportunidade ou Oops – você se corrompeu?


O que será de nós, no futuro? Quem esse diretor inútil saberia educar? Seus filhos comprariam diplomas? Gabaritos de provas? Diplomas, títulos? Cargos, no futuro?


Quem o Brasil acha que está enganando, nesse momento? Os ossos dos cachorros já precisam ser vendidos, dado o egoísmo diante da miséria inclemente, os absorventes negados, off shores inexplicáveis à vontade e muita mentira e cara de pau. Incorruptível...


Nosso futuro não pode ser uma mentira. Não pode ser uma mentira. Com 600 mil mortos, não há onde esconder o que aconteceu aqui, não há onde esconder, não há, não...

Ana Ribeiro, diretora de cinema, teatro e TV


Uma criança é um adulto em crescimento. Não é uma entidade que não tem opinião. Como ouvimos frequentemente, são o futuro. E serão quem cuidará de nós e quem cuidará do futuro de outras crianças. O que cada um de nós, atuais adultos, faz todos os dias, é bom para as crianças? Ajuda? Contribui?


Proteger as crianças, algo universal, significa uma intenção de omitir a parte da realidade que consideramos difícil, dura, triste, amarga. Colocamos um mundo perfeito, lindo, belo e paradisíaco. O mundo que desejamos e o mundo que queremos oferecer a elas. Isso é proteger? Talvez seja bom refletirmos sobre isso. Temo que façamos o inverso.


O mundo é cruel em mostrar a realidade e a forma é regularmente muito inesperada e intensa. Sem margem de manobra, sem poder pedir um tempo para a pessoa se preparar. E quando temos uma visão poética apenas, levamos um choque. Mesmo quando a visão não é tão poética o choque acontece, imagina quando só se tem esse olhar puro e belo. Temo, que enquanto adultos saibamos pouco sobre a vida ao ponto de errar com as crianças, achando que estamos acertando. E mantemos essa sensação de controle, de poder de decisão sobre a vida como algo certo e de um mundo onde só coisas boas acontecem. As crianças aprendem isso e querem esse mundo e tudo o que desejam. Quando não conseguem, fazem birra, deixam de gostar das pessoas, tornam-se agressivas, ficam contra o mundo, ironicamente contra os que tentam de todas as formas lhe proporcionar um mundo perfeito – os pais que mais parecem seus empregados.


Parece que paramos de ensinar o que é a verdade e o que é a mentira. A diferença entre as duas. O que é ser amigo, ser leal, ser cordial. O que é amar – dizer que ama e não respeitar a opinião, não admirar a pessoa, ser agressivo e violento não é amar. O que é liberdade. O que é alegria. Ensinar que pessoas podem escolher ser boas ou más. Que a grande nobreza, riqueza da vida é tentar ser sempre boa pessoa. Ensinar que nos piores momentos se testa e se conhece o verdadeiro caráter das pessoas. Incluindo o nosso.


Porque aprendemos que omitir e mentir às crianças é o certo? Não seria mais útil dizer a verdade, mesmo que com suavidade? Dizer que a vida não é controlável? Por ninguém? Nem pelos que os trouxeram a este mundo? Dizer que podemos dominar algumas coisas, como as palavras que saem da nossa boca, como os gestos e comportamentos que temos. Pouco mais do que isso e já é muito.


Crianças que sabem tomar decisões. Ir aprendendo a tomar decisões com os anos, o tempo, as experiências. Ter opinião, ter desejos e sonhos seus, sem serem opiniões, desejos e sonhos aprendidos, impostos, pela sociedade, pela família. Saber discordar de forma serena. Saber quem é confiável, que fontes são confiáveis, saber procurar a verdade. Perseguir a justiça, a verdade, a equidade, a liberdade.


Não se pode aguardar que uma criança se torne adolescente ou adulto para começar a aprender estes valores. Tarde demais. Tarde demais.


Por último, cada adulto precisa se dedicar e contribuir para o desenvolvimento integral, honesto, justo e equilibrado de cada criança, da forma que puder, como puder e quando puder. Precisamos evitar a todo o custo que crianças com infâncias problemáticas e desequilibradas, se tornem adultos terríveis, perigosos e vazios de sentimento e de justiça, com objetivos financeiros, de ambição cega, de egoísmo, de vaidade e desumanos. Adultos que muitas vezes decidem sobre a nossa saúde, sobre a nossa vida, sobre a nossa justiça, sobre a nossa liberdade, sobre a nossa felicidade.

Ana Santos, professora, jornalista

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