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"Ano Novo de 2022" Bug Sociedade


“DESAFASTA, DESAPERTE, ME DÊ UM REFRESCO AÍ!”

Alô, ano novo. 2022, hein? Desculpe o mau jeito, mas depois de seus antecessores, ando meio desconfiada com mudanças de ano...


Vamos ter aquela “provinha garantida” da Era de Aquário e com regência de Mercúrio, gente! Espero que Mercúrio faça o tempo voar porque outubro precisa chegar rápido pra gente votar de novo e consertar tudo o que não funciona – e esse caso de “Brasil emperrado” é tão grave que muitas vezes já tive vontade de “chutar o motor, o balde”, sei lá – ficou tudo péssimo, escuro, com essas tentativas absurdas de nos fazer calar. Bem, aí está uma coisa importante. Estamos estranhamente indiferentes e anestesiados uns com os outros. Se alguém fala alguma coisa diferente, lá vem o tal dislike. Queria trocar essa coisa por um botão de debate, por exemplo. Você discorda e coloca três motivos – nada de palavrão, ameaça de morte e essas baixarias. Apenas ter a discordância garantida e poder se explicar.


A coisa importantíssima sobre a influência de aquário é que com ele disseram que volta a discussão pelos coletivos, apesar de não ver mais ninguém enxergando o coletivo que somos. Nos reduziram a mil pequenos grupos de células que se sentem importantes porque perderam a visão do todo. Como uma mitocôndria que se sente rainha porque perdeu de vista suas bilhões de células-irmãs e principalmente – perdeu de vista o universo do corpo humano funcionando. Aquário trará de volta o fato indiscutível que a meia dúzia de ricos querem ficar muito mais ricos – mas isso é pouco. Ano que vem, gostaria de negociar que eles percebessem que não adianta nada serem ricos, se todos os outros não estiverem – pelo menos – alimentados. Menos um projeto de foguete pode dar mais alguns projetos de manutenção da floresta liderados pelos indígenas, por exemplo. Garanto que existem muitos deles aptos no mundo inteiro.


Nos países com sol, como o nosso - por favor – projetos de energia solar! Será que só as pessoas comuns veem o desperdício e a roubalheira que virou o investimento em energia no Brasil? Quer uma meta? Eu lhe dou uma: “Quem tem telhado, tem energia solar”. O Governo finalmente pode financiar as pessoas, que não vão devolver em dinheiro, mas doando a sua energia por X anos. Nossos rios voltam apenas a ser rios, dentro de florestas maravilhosas e sem bandidos porque no Brasil, como insetos perigosos, os bandidos, grileiros, garimpeiros, se escondem no mato e atacam indígenas o tempo todo.


Caçar os políticos miseráveis é pedir demais? Pronto, então apenas mostre as mentiras que eles contam. Ponha na TV a cara deles, o dinheiro escondido, a cara de “cachorro que quebra pote”. Desmascare todo mundo.


E na hora de votar, coloque na mídia, espalhe geral: Nós não devemos nada a político. Ninguém, no mundo inteiro, deve nada a político nenhum. Boa parte, a maior parte deles apenas fingem que têm ideologia, enquanto pulam de partido como se fossem macacos em árvore. Quantas vezes a excelência trocou de partido? Várias? Troca ele, na hora de votar. Seja racional, absolutamente racional, friamente racional, pragmaticamente racional. Se eles podem pular de galho em galho, pra nós, partido também não pode ser time, nem escola de samba. Então, nada de torcer por partido - e fujam de quem insinuar que nós temos que ter fidelidade!


Queria fazer pedidos especiais sobre a nossa forma primitiva de descartar lixo, mas não quero te atolar e deixo só um aviso aos leitores, pode ser? Os caminhões de recolhimento de lixo ganham por metro cúbico recolhido. Então, quanto mais lixo eles pegarem, melhor pro dono da empresa, mais metros cúbicos, mais lucro. E mais porcaria, ratos e sujeira pra nós. Passo 1 de civilidade: vamos separar as latinhas, dar para os catadores em saquinhos separados e negociar com a Prefeitura o que pode ir pra cooperativa. Eles que deem os pulos deles. E façam. Se não fizerem – de novo - não se sinta fiel ao político – chute fora, vote em outro, abra espaço na fila. Não deixe tudo para que o novo ano concretize. Faça isso, pelo menos.


Tem muita gente perdida, andando pelo mundo, vagando sem paradeiro nenhum. Nesse pensamento coletivo que – dizem – aquário vai trazer, escolha o melhor jeito pra que nós entendamos que eles são parte, que precisam comer, dormir, ter um teto sobre as suas cabeças para se protegerem de sol, chuva e frio. Eu sei que a natureza vai estrilar porque não temos juízo, mas os outros anos foram terríveis, cheios de doenças e mortos e políticos irresponsáveis, antivacina, antivida – 2022, não pese a mão, alivie, desaperte a mente do povão só um pouquinho.


Que nasçam espíritos de novos artistas talentosos. Perdemos tantos Paulos, tantos Gustavos, tantos Tarcísios... Nos traga algumas flores.

Ana Ribeiro, diretora de cinema, teatro e TV


“Ano de 2022” Bug Sociedade


“Carta para 2022”

Prezado 2022, vamos nos encontrar e conhecer daqui a uns dias. Gostava de me apresentar e de te pedir algumas coisas. Só para adiantar um pouco tudo, para de alguma forma tentar recuperar tempo perdido ou para aproveitar melhor o tempo. Não sei bem. Nunca o fiz. É a primeira vez. Mas senti vontade e espero que compreendas e respeites.


Conheci vários irmãos teus. 55 na verdade. Vocês são uma família estranha. Diferentes uns dos outros apesar de fazerem parte de um certo padrão. Mas estes dois últimos irmãos que conheci, o 2020 e o 2021, caramba! Que meninos difíceis. Deram algum trabalho, provocaram muita desgraça, destruição, problemas. Enfim, talvez isso me tenha empurrado para te vir conhecer e me apresentar antes do dia 1. Para saber um pouco como és e para saberes de mim e, assim, quem sabe nos tratarmos bem e passarmos esse período juntos, numa boa.


Desejo muito que possas evitar doenças e mortes. Teus irmãos provocaram uma razia geral medonha. Todos no planeta temos sofrido muito e um ano de pausa neste sofrimento era capaz de nos fazer bem. De nos dar um pouco de espaço para recuperar forças. Estes lutos são difíceis e também era fofo se pudesses amparar um pouco as pessoas. Melhorar suas condições de vida, permitir que sua alimentação fosse melhor. Por que razão as comidas mais naturais e saudáveis são mais caras? E as que estão cheias de venenos, conservantes e corantes são muito, muito mais baratas? As pessoas estão a ficar inchadas e sem saúde, a sua fome não sacia, perdem o amor próprio. Dá uma ajuda aí vá. E os que parecem se preocupar com sua saúde, modificam nariz, dentes, cara, peito – no homem e na mulher – bunda, braços, o que der. Não entendem nem se dão conta que se percebe o que não lhes pertence, o que compram, que destoa, que as marcas da idade são muito mais belas, honrosas e nobres. E essa febre está a atingir todas as idades. Um dia tive uma discussão com um vegetariano profundo que, na academia tomava proteína animal. Ele insistia que a proteína era vegetal... Que coisa louca isso. E ele nem se tinha dado conta do que estava fazendo. Ajude a manter as pessoas diferentes umas das outras e evite que todos tenham os mesmos dentes, mesmo peito, mesmo tudo. Parecem cópias ambulantes nas ruas, em filmes futuristas.


As escolas, faculdades, estão a falir com gestão financeira do tipo, eu diretora recebo muito e os professores e funcionários pouco ou nada e logo se vê. Ficam sem pagar durante meses, algumas até anos. As pessoas necessitam daquele emprego e aguentam, engolem, calam, passam dificuldades em silêncio com vergonha. Algumas até se sujeitam a serem cúmplices achando que dessa forma serão escolhidas para pertencer ao grupo dos que sempre recebem e muito. Destroem o seu caráter, a sua nobreza e viram nada. Então talvez pedisse que pudesse criar leis que permitissem a restituição do dinheiro das pessoas que trabalharam sem receber, de forma imediata. Que permitissem uma fiscalização mais apertada e regrada de quem pode ser diretor, e regular os seus deveres de forma continuada e apertada. Os projetos da comunidade europeia são regulados online e constantemente. Quem sabe isso resultava nestas situações?


É necessário encontrar uma forma de todas as pessoas terem o mínimo para viver. De lhes exigirmos o que podem dar, contribuir, fazer. E de dar condições melhores aos que estão dependentes fisicamente e mentalmente. É que teus irmãos anteriores, todos, não descobriram e isto está a piorar muito. Eu me pergunto muitas vezes se não poderia ser possível também utilizar a “fórmula” das visualizações nas redes sociais, para encontrar uma forma de aumentar o apoio financeiro das instituições e/ou de dar apoio financeiro ou humano na casa das pessoas. Tantos vídeos bonitos, encantadores, com histórias, com pequenas aprendizagens, sabedorias das pessoas mais velhas que nos podiam ensinar tanto e ao mesmo tempo eles se sentiram mais respeitados e valorizados e as pessoas utilizariam seu tempo assistindo a conteúdos que tivessem sentido, valor, que contribuísse para dias melhores para todos. Não é mais comportável ver o mundo a ser entretido por palermices, coisas bizarras, humor patético e com isso enriquecer pessoas que não ajudam ninguém. Conseguirias encontrar um meio termo aí? Sei que é difícil mas aguardo boas ideias. Tenta pelo menos.


Será que poderias também determinar que quem vai para o Governo, seja de que país for, não tem direito a férias? É que não entendo. Todos os ministros, presidentes têm férias? Sério? Eu não tenho férias porque me dedico a algo que não pára. As pessoas que têm seu próprio negócio, comércio, acontece-lhes a mesma coisa. Pessoas que ganham bem, com excelentes apoios e condições, são escolhidas para cuidar de um país e fazem férias? As pessoas do país delas a passarem fome, a lotarem os hospitais e elas de férias? Que loucura... Essa acho que podes dar conta, por favor...


Vejo cada vez mais pessoas que só pensam em viajar, curtir a vida. E aqui num clima destes, mais ainda. Poderias tentar explicar a essas pessoas que viver não é uma estância de férias? Que depois o vazio de nada terem construído, ajudado, colaborado, partilhado, as vai atacar, no final da vida? E os jovens adultos de famílias ricas ou com pais que se esmifram para parecer que são ricos apresentam um vazio na sua existência que é triste e preocupante de ver. Os jovens adultos que precisam ralar para viver poderiam lhes ensinar tanto, tanto. Porque são o oposto: cheios de energia, determinação, consideram tudo oportunidade, talentosos, esforçados, desenrascados, quase mágicos e com uma resiliência absurda. A esperança dos povos?


Teria tanta coisa para te pedir mas acho que já chega por este ano. Não te quero asfixiar nem assustar. Não penses que estou a exagerar. Vais levar um susto quando começares a trabalhar. Teus irmãos deixaram uma enorme batata quente para você. Boa sorte. Disponha.

Ana Santos, professora, jornalista

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