Voz tem uma forma de se comunicar comigo que é única - talvez pelo fato de que como fonoaudióloga eu a veja como um bem, um milagre. Dá pra imaginar que a gente ouça vozes imortalizadas como as Freddie Mercury, vendo que aquilo tudo nasce apenas do atrito de gás carbônico - lixo tóxico que a gente expulsa do corpo - entre 2 pregas vocais? Agora pense ter essa noção ouvindo um tenor com o poder de Thiago Arancam. Me peguei chorando sem nem saber o motivo, cada vez que ele cantou uma ária de ópera, cada vez que cantou rock instrumental como o do Queen ou do Seal. Isso fez com que eu me perguntasse se era preciso mais que isso, já que um dos momentos históricos da música contemporânea foi mesmo o dueto entre Freddie Mercury e Montserrat Caballé- e que momento, quando Thiago recria o dueto, desta vez com Carmen Monarcha!
Mas houve - ou há - um fator a se levar em conta: o TCA apresenta um problema de som que eu já tinha notado no balé russo e que piora, diante da potência das vozes e dos músicos. Não sei bem se a mesa não distribui bem os canais ou se os alto falantes não estão bem. O fato é que nitidamente se percebe que o som perde o "balance, estoura" e desequilibra a maravilha de ouvir vozes com o poder das que Thiago e Carmen têm..
Fora isso, poder assistir Nessun Dorma, ao vivo e cantada com uma voz como a de Thiago Arancam é como voar, como ver a concretude daquilo que só podemos sentir e acreditar vendo o invisível - a voz... Há a magia do toque invisível que só a voz humana é capaz de criar. Uma tessitura emocionante, que levamos conosco ao sair do teatro. um fascínio permanente que quando mais trabalho especifico se tem na área, mais aumenta dentro de nós. Thiago Arancam, domina a expressividade e a potência de sua voz e quando canta, a compartilha com o mundo, com cada um nós. Um espetáculo que quem não foi, certamente perdeu...
Ana Ribeiro, fonoaudióloga, diretora de TV, cinema e teatro
O talento, o dom, nasce com você. Pode ser visível ou não. E pode nunca ser desenvolvido. Thiago Arancam nasceu com um talento visível. Sonoramente visível. Para além de um gentleman e muitas outras qualidades. Sua voz, seu aparelho vocal, é soberbo. Tão potente que um espaço como o TCA ficou louco para dar conta. Pareceu muitas vezes que não ia ao limite por cuidado de não nos assustar ou de atrapalhar a técnica. Um homem bonito, com cara de menino. Um monstro vocal. Depois quando você tem o privilégio de falar com ele, ouve uma voz como as nossas. Impressionante porque o som que sai deste ser, quando canta é quase mágico, religioso por ser tão especial. Um diafragma que é treinado adequadamente, junto com talento. Isso é Thiago Arancam.
Apresentou o espetáculo Bela Primavera, com alguns clássicos da música internacional que são especiais para ele. Percebe-se a ligação forte ao repertório italiano, pois grande parte das escolhas são italianas.
Inicia com “Hallelujah”, de Leonard Cohen . A facilidade com que canta canções como “Viva La Vida”, do Coldplay, “Crazy”, de Seal ou “Who Wants to Live Forever”, do Queen, é surpreendente. Por momentos sonhei que ouvi Freddie Mercury na sala. Arrepiante. A partir de Caruso me conquistou. Sua capacidade de canto para repertório lírico é intocável. E no final, Puccini. Emocionante poder ouvir uma das melhores vozes do mundo, ali, cantando Puccini. Seus pés levantam do chão e você sai desta vida terrestre para um lugar sensacional e emocionante. Me fez chorar. Obrigada Thiago Arancam.
Plateia maioritariamente acima dos 60 anos, deliciada. E o auge foi quando Thiago decide vir cantar para o meio do público. Você vê as pessoas enroladas nos seus celulares/telemóveis, tentando tirar a melhor selfie da vida quando Thiago passa perto. Meu Deus. Não seria muito mais sensacional, aproveitar o momento em vez de registrar/registar o momento? Aproveite o momento. Guarde o celular/telemóvel.. Saboreie e guarde na sua memória afetiva e visual o que vive. Porque ao sair do show o celular pode cair no chão, ser roubado. Algo bem frequente nesta cidade. Dentro de você, o que você vive, ninguém pode roubar. E faz bem à saúde. Pense nisso.
Teve como convidada Carmen Monarcha, uma soprano brasileira e portuguesa fantástica. Expressiva e poderosa. Me impressionou o seu alcance. Habituados a trabalhar em conjunto, no Fantasma da Ópera, é divino ouvir os dois juntos. Se entendem bem, se respeitam profissionalmente e parecem cantar sem esforço algum. Espetáculos com os dois cantores, são sucesso sempre. Parabéns.
O mundo do canto lírico é muito formal. Ok. Mas as poses que os cantores fazem durante as performances podem ficar mais fluídas e mais funcionais. Afinal são artistas que fazem um exercício vocal e respiratório fortíssimo com um sorriso e com a aparência de que tudo é fácil. Por que não usar movimentos mais naturais? Para mim, que trabalho na área de preparação corporal de artistas e profissionais de comunicação, parece-me que seria interessante e atraente para o público. Sem perder a seriedade.
Gostaria de finalizar agradecendo. Agradecendo a gentileza da produção, e dos dois artistas. Uma fila imensa de pessoas querendo fotos, conversar. E, os dois, depois de um espetáculo exigente, distribuindo simpatia, delicadeza, gentileza, nobreza. Manter a humanidade para além do sucesso. Isso é muito raro hoje em dia no Brasil. Obrigada Thiago Arancam e Carmen Monarcha.
Ana Santos, professora e jornalista
Site oficial de Thiago Arancam:
https://thiagoarancam.com/#home
Página do Facebook de Thiago Arancam
https://www.facebook.com/thiagoarancam
Instagram Thiago Arancam
@arancam
Site oficial de Carmen Monarcha:
https://www.carmenmonarcha.com/
Página do Facebook de Carmen Monarcha
https://www.facebook.com/CarmenMonarchaOficial/
Instagram Carmen Monarcha
@ carmenmonarcha