Para além da absoluta falta de placas, que parece uma coisa meio kármica em Salvador porque não tem em nenhum lugar necessário, foi um prazer enorme rever Cibele,
- minha aluna querida, fofa, sempre com um sorriso tipo chave-mestra.Vocês, ao final da peça, pediram contribuições. Queremos muito contribuir por uma série de motivos, principalmente porque o nosso teatro está precisando desesperadamente entender e se entender com alguns conceitos "peculiares" acerca de cultura e arte.
Adoro o conceito. Adoro a simplicidade do tema. É como um soco na cara: a puta e o palhaço. Essa solidão compartilhada com a qual seguimos fingindo que está bom. Sensacional.
A entrada de Cibele foi também sensacional. Me provocar também. Adorei. Aí aparece o primeiro problema fácil de resolver: Cibele está falando sem analisar o espaço sonoro. Então lá vai a dica: está falando para quem? Este quem, está em qual direção? Se você ficar em busca do miolo da plateia, acerta. Aí a flutuação entre a voz gritada e inaudível, acaba. Você fala alto ou baixo. Mas sempre compreensível.
Senti muita falta da troca, no palco, entre a puta e o palhaço. Numa metáfora muito próxima de nós, pois somos os dois (a puta e o palhaço) no Brasil, no mundo. Senti falta de um pouco mais de texto. Senti falta de corpo. Senti falta de falas, de perguntas desaforadas, de respostas malcriadas, de piadas de mau gosto - tudo do palhaço. E com o palhaço, tenho certeza de que a puta vai crescer loucamente e o trabalho vai evoluir, com certeza, porque a ideia é genial. Senti falta talvez dessa violência que a vida tem nos obrigado a conviver... O palhaço precisa interagir.
Adoraria ver de novo, reanalisar, retribuir o carinho que recebi de todos.
Uma peça que precisa de público para amadurecer ainda mais e - quem sabe? - de um pouco mais de amadurecimento por parte do respeitável público quando for votar(?) - porque ninguém merece fazer papel de palhaço ou de puta a vida inteira, né?
Ana Ribeiro - voz e direção de teatro, cinema e TV.
Sou gringa, com pensamento de gringa. Me perdoem se for muito ríspida.
Quando entramos com o carro para estacionar pensei que se tivesse muita gente ia ser difícil entrar e sair, estacionar. Mas deu tudo certo. Depois atravessamos quase o Forte do Barbalho todo a pé para chegar ao Galpão. Não víamos ninguém a quem perguntar e quando víamos não sabiam onde era. Uma aventura. Mas o lugar é lindo, histórico e parece já ter muita cultura por ali se mexendo. Muito legal.
Umas placas de informação iam ajudar muito...os gringos!
Lá chegamos ao galpão. Muito fofo, um espaço onde nos sentimos muito bem. O público se coloca para assistir dentro do cenário. Gosto muito disso. Cenário que te envolve no tema, nas dores, nas questões da peça.
Atores interagem com o público. Difícil esse exercício, porque se o público aceita é espetacular, se não aceita é duro. Mas os atores foram intensos, expressivos, lançaram provocações interessantes. Só fiquei confusa com o fato do público ter de desligar o celular antes do espetáculo e depois no meio do espetáculo, a atriz pedir para tirar uma selfie....celular necessita de ligar...tudo perde um pouco o timing...
A peça está curta. Sim, explicaram que está em formação, mas por favor não vão construindo até ficar com duas horas como em algumas peças porque fica uma tortura para o público.
Vocês abordaram temas fundamentais na vida de todos no mundo, preocupantes, que precisam ser falados. Parabéns pela coragem. Estamos todos ficando sós no meio de multidões. Não temos com quer realmente contar quando precisamos de falar, ou temos necessidades. O Bug Latino está nessa luta e ficamos super felizes por saber que vocês também estão. Vamos pensar em colaborar de alguma forma. Os que se interessam, se preocupam, precisam se unir.
Corpo - O palhaço precisa de estar mais presente, seu corpo precisa de falar mais. E ele tem um corpo muito fofo, é muito expressivo. A atriz tem um corpo provocador desde o início e...subitamente sua energia desaparece e termina a peça. Faltaram abraços, toques de mão nas pessoas, contatos com o público de amizade, de conforto, de proteção, talvez.
Tenho muita dificuldade em ver atores fumar e beber álcool em palco. Por que não usar a mímesis? Acho que precisamos inovar e fazer novos caminhos.
Continuo a não entender por que no final da peça os atores precisam falar. A peça deveria dizer o que querem dizer.
Finalmente, adorei a peça! No final da peça fomos jantar e ficamos horas, horas a conversar sobre o tema da peça. Muito, muito grata pelo momento que me proporcionaram na vida.
Ana Santos - Corpo
LOCAL:
Galpão Wilson Mello, no Forte do Barbalho