A voz única e diferenciada, limpa, serena e doce, aqueceu os corações de todos os que puderam assistir aos shows de 11 e 12 de maio, na Concha Acústica, em Salvador. Sucessos de muitos anos surgem numa limpidez e pureza enternecedoras. Ter 70 anos e 4 meses de idade parece um engano, com uma cara linda de menino e tanta energia, alegria, agilidade e ritmo durante todo o show. Parece que carrega baterias à medida que canta.
Show com direção simples e moderna, trouxe um novo olhar sobre cada Canção, com arranjos musicais com muito “swing” e riqueza musical. De Djavan, claro. As palmas por vezes surgiam quando o final ainda não tinha chegado, precisamente porque as pessoas eram surpreendidas com os arranjos. Mas o baiano se adapta rápido e rolou muito o público cantar e Djavan fazer vocalizos e improvisações por cima e entre as vozes. Só mesmo na Bahia. Só mesmo na Concha Acústica, em Salvador.
Um artista que não se acomoda. Que está sempre em busca, artisticamente. Simplicidade das letras, combinação com os ritmos. Em palco, com suas danças um pouco Michael Jackson, um pouco indígena, um pouco duende. Movimentos muito próprios e que demonstram uma sensibilidade e comunicação com a música e seus ritmos ímpar. Djavan só existe um e é impossível copiar, mesmo que alguns tentem.
Conversou um pouco com o público, falando do seu amor pela natureza, pelas flores, e cantando algumas das suas letras mais “floridas”. Falou que adora tanto as árvores que adoraria ser uma. Seria uma grandiosa árvore com certeza. É uma voz da natureza pura e é uma benção poder ouvi-lo na Bahia.
O cenário e projeto de luz absolutamente maravilhosos. Simples, delicados, de um bom gosto e elegância que todas as pessoas comentavam. Parabéns. Lindo demais.
Estes dias tem chovido. Pancadas de chuva ou chuva prolongada. Na hora do show não choveu, mas terminou o show e quando você vem para o carro a chuva começa. Vai chovendo devagar, cada vez mais e mais. Acho que a ligação de Djavan à natureza é espiritual por que a chuva esperou o final do show. Incrível.
O Bug Latino agradece a cortesia de ingresso de ÍRIS Produções. Muito grata.
Ana Santos, professora, jornalista