Teremos mais uma campanha mortiça para prefeito neste, como em todos os anos. E não esqueçam: também para vereadores mornos, que se metem nas nossas vidas, ao invés de facilitarem as nossas decisões. Que até agora não falaram uma única palavra sobre meio ambiente, clima extremo, chuvas, emergência climática, lixo, segurança pública, gastando o nosso tempo e paciência falando em que gênero pode fazer xixi no shopping, ao invés de discutir de que tamanho os prédios da minha cidade poderão ter, nesse gabarito novo que estão nos “empurrando às escondidas”.
É... Eleições. De novo.
Há quanto tempo você não vota como em SHIRLEY PARA PRESIDENTE – com o coração em êxtase? Há quanto tempo não temos um candidato arrebatador, que subentenda a existência de democracia, ao invés de nos salvar de uma volta a ditadura?
Em SHIRLEY PARA PRESIDENTE, as nossas sensações todas são assim – arrebatadoras. Primeiro e principal: carisma. O olhar de Regina King é espantoso. Ele é capaz de nos convencer acerca de nossas capacidades, nossos legados, nossas responsabilidades. Ela nos ajuda a sonhar sobre do que somos capazes juntos – mesmo quando tudo dá errado. Mesmo quando há derrotas. Porque a política é um mesmo sonho coletivo.
Num momento mundial – e nacional – cheio de guerras, mortes, tentativas de golpes de estado, bandidos, indiferenças de políticos, gangues, pensarmos que Shirley Chisholm existiu de verdade, se candidatou e foi a primeira mulher negra a entrar naquele Congresso Americano ainda totalmente masculino e branco, que se candidatou a candidata à Presidência americana e que por um segundo o conseguiu – isso na década de 1970 – é um estímulo a continuarmos tentando.
SHIRLEY PARA PRESIDENTE é mais que um filme – é um desejo – infelizmente ainda não compreendido por nossas atuais excelências, tão pouco parecidas com o que desejamos pra o Brasil, mas que já nos pertencem aqui e ali na voz de Erika Hilton, pastor Henrique Vieira, Duda Salabert ou espiritualmente na voz de Marielle Franco.
Uma produção incrível, montagem, atores, interpretação, trilhas, roteiro, numa direção justa de John Ridley.
Assista antes da campanha começar pra você se vacinar contra a mediocridade e exigir o melhor dos candidatos da sua cidade. Acredite. Nós podemos.
Ana Ribeiro, diretora de cinema, teatro e TV
Shirley Chisholm, nasceu e se tornou professora, no Brooklyn. Sua natureza, sua crença de que as pessoas podem ser muito mais do que os outros veem nelas, seu empenho, coragem, foram os combustíveis para ser pioneira em muitos locais, muitas funções. Ter sido a primeira congressista dos E.U.A., não é pouca coisa não. Numa época, 1972, em que por exemplo, Portugal ainda vivia em ditadura. Pensar que eu tinha 8 anos quando esta senhora foi capaz de atravessar fronteiras que ainda hoje são difíceis, me emociona muito. Quando pesquisamos no Youtube colocando o nome dela, encontramos alguns depoimentos maravilhosos. Tudo o que teve de enfrentar chega a ser impressionante – mãe e irmã muito resistentes a tudo o que decidiu fazer, lutas frontais com racistas, com machistas, um atentado, humilhações até quando se alimentava, no Congresso. Uma mulher que nos serve também de estímulo, pela sua forma respeitadora de tratar os outros, sejam a favor ou contra as suas opiniões. Fiquei deliciada com a existência de Shirley Chisholm na vida humana. Sua sabedoria na vitória, na derrota, perante os problemas, perante opções complexas.
O filme não vem de uma mega produção, por vezes tem uma falta de ritmo, mas vale tudo pela história, pelos ensinamentos. Regina King, esta excelente atriz, tem um desempenho fabuloso. Mas o filme é repleto de bons e conhecidos atores. Imperdível, principalmente para as mulheres e meninas. Estes filmes precisam ser obrigatórios nas escolas, ou as escolas precisam organizar idas ao cinema para ver este tipo de filmes. Educação, estímulo, experiências vicariantes. Tudo que é bom.
“Em toda a minha vida, nunca me dei por vencida, nem renunciei ao que queria.” Shirley Chisholm
Ana Santos, professora, jornalista
Sinopse: Em 1972, Shirley Chisholm se apresenta como candidata à presidência dos EUA pelo Partido Democrata, depois de se tornar a primeira congressista negra do país.
Direção: John Ridley
Elenco: Regina King, Lance Reddick, Terrence Howard.
Link de informações e trailer