Os filmes ao redor dos desafios do esporte sempre me inspiram. Eu os adoro. Se a gente juntar Jodie Foster sem plástica, botox e preenchimentos, apenas envelhecendo e sendo a atriz formidável que é, o filme fica melhor ainda. A não menos famosa Annete Bening estrela o filme, mas o protagonismo é dividido entre elas. E é maravilhoso. Nada de mulheres super produzidas, faiscando por aí, mas trabalho, mergulho em si mesmo, dedicação, teimosia, disciplina ou seja o que for o que a gente tem que acessar pra se superar sempre que é necessário. Rhys Ifans, construiu um navegador discreto, incrível, de grandes olhares e silêncios. Aliás, o elenco é exatamente como um time que discretamente se sacrifica para que tudo dê certo e o astro brilhe.
Você vai sendo vencido pelas tentativas, compara o filme com a vida real e os diretores (Elizabeth Chai Vasarthelvi e Jimmy Chin) têm a habilidade de te fazerem duvidar e querer, querer e duvidar.
Cada um de nós traz consigo seu desafio. O meu, atualmente, vocês conhecem, é o Bug Latino. Nyad nadou sozinha e nós temos que estimular as pessoas a nadarem, se comunicarem, interpretarem, resolverem seus problemas falando deles – uma missão muitas vezes, tão ou mais difícil que atravessar o oceano...
Vê-la ter que desistir, não uma, mas 4 vezes me trucidou porque todo dia o Bug mata um leão, domina uma ferramenta, se entrega a um desafio diferente. Mas a quinta vez – meu Deus, a quinta vez – faz com que você chore e se fortaleça do começo ao fim.
O filme tem tubarões, águas vivas venenosas, água, água, águas imensas... E do que somos capazes. Podemos lutar contra as guerras, aplacar a fome, denunciar a poluição, tentar mudar tudo, amar nossos indígenas, educar melhor as crianças, mudar o mundo. Apenas podemos. E quando um filme pode nos lembrar do que podemos, ele é bom, ótimo, maravilhoso. Como este. Inspirador é pouco.
Ana Ribeiro, diretora de Teatro, Cinema e TV
Diana Nyad, uma atleta impressionante. Ao mesmo tempo, uma pessoa difícil – vamos colocar desta forma. Determinada, lutadora, com uma enorme capacidade de tolerar a dor e o sacríficio, com a cegueira dos atletas que marcam a história. Poderia dar uma lista de pessoas que conheci na vida, algumas com quem trabalhei, outras fui colega de time, que são assim. Não veem ninguém, apenas veem o que querem alcançar. São insuportáveis por vezes, frias e cruéis na forma como lidam com os outros – e principalmente enquanto não conseguem o que querem. Mas no momento que alcançam o que sonharam, tornam-se gentis, carinhosas e justas. São poucas as pessoas que aguentam e entendem sua mente. Mas quem o consegue fazer, em conjunto com elas, conseguem o Olimpo. Diana Nyad quebrou vários recordes, várias ideias pré-concebidas, várias crenças limitantes do ser humano. Mas, como ela no final reconheceu, teve um grupo de pessoas junto com ela que são de ouro – especialista em correntes, especialista em tubarões, especialista em “águas-vivas” mortais, treinadora/coach, etc. Para além das suas especialidades, todo o time era constituído por seres humanos incríveis.
Duas atrizes que amo há muito - Annette Bening e Jodie Foster. Acho que meio mundo ama e bem. Jodie Foster sempre foi uma atriz diferente, assumindo sua forma de ser e pensar sem querer saber o que os outros pensavam disso. Isso sempre me fez ter admiração por ela. E de novo a admiro quando, aparentemente, recusou usar os botox e outras formas de alterar a cara para a manter “jovem”. É linda ao natural, com seu jeito andrógino. Encantadora. Annette Bening, um pouco mais botox, mas uma atriz encantadora e extremamente talentosa. As duas e todos os outros atores deram show de expressão facial, de emoção, de comunicação não verbal. E isso dá a vida necessária ao filme e nos prende totalmente durante mais de duas horas. Preciso referir, em separado, a maravilha de personagem e de atuação que Rhys Ifans nos apresenta no filme. É mais conhecido por papeis de personagens bobas, sem grande profundidade intelectual, mas nos tempos mais recentes tem surgido em papeis belíssimos. E aqui, está soberbo, no papel de um homem fantástico da vida real.
Uma trilha sonora maravilhosa e também a seleção musical da atleta durante os treinos e a travessia.
Um filme que te mostra como podemos alcançar e ultrapassar o que julgamos impossível. Seja em que idade for, em que condições, digam o que disserem. Imperdível, imperdível, imperdível.
Ana Santos, professora, jornalista
Sinopse: Conta a notável história real da atleta Diana Nyad que, aos 60 anos de idade e com a ajuda de sua melhor amiga e treinadora, compromete-se a realizar o sonho de sua vida: nadar 110 milhas em mar aberto de Cuba até a Flórida.
Direção: Jimmy Chin, Elizabeth Chai Vasarhelyi
Elenco: Annette Bening, Jodie Foster, Anne Marie Kempf
Trailer e Informações: