Como num “parêntese entre as mais altas mentes do mundo”, nós nos sentamos à mesa com os premiados de 2022, ouvindo suas explicações, pensamentos, brincadeiras e hesitações diante da vida e diante do que desenvolveram/descobriram e a influência que cada coisa terá na nossa vida, claro.
Logo à princípio, o que se sente é que deve haver um olhar diferenciado do cientista diante do superlativo da descoberta porque dois deles têm familiares que ganharam o Nobel no passado e um outro já ganhou mais do que um prêmio – falando disso com naturalidade e não assombro. Olhando para nós, me ocorre que sobrevivemos a muita coisa, mas ninguém no Brasil nem fala em ganhar o Nobel se não for o da Paz, já repararam? Por que? Será que não o vemos como algo possível? Será que não vemos a universidade como capaz de apoiar algo tão grandioso? Ou ainda pior: será que não nos sentimos capazes de fazê-lo?
O caso é que todos os anos temos a oportunidade de ouvi-los e é mesmo impressionante vermos grandes mentes com tantas dúvidas, como nós. Dúvidas talvez diferentes, mas dúvidas, mundos bifurcados, decisões que precisam ser tomadas a cada momento.
- Por que só uma mulher foi escolhida? Primeiro, que é melhor uma que nenhuma; segundo que talvez seja melhor repassar a pergunta para o colo desses homens aqui sentados. E assim, com esse jeitinho “despachado” a cientista de uma escola de química “passa o pepino” para o “senhor” da escola de economia que, meio sem jeito, teve que falar de machismo – de novo.
Já existe teletransporte. Já existe teletransporte! Mas diferentemente de Star Trek, a nossa Jornada nas estrelas da vida real não teletransporta carne e ossos/matéria. O mundo transporta quem nós somos, nossa essência, ou seja, teletransportamos a alma humana. É um colosso!
E assim pulamos de coisa inacreditável em coisa inacreditável e nos vemos como deveríamos nos ver – quando somos bons, somos mesmo obra divina.
Amei a apresentadora. Nada do fenótipo inglês habitual, mas uma mulher inteligente, espirituosa e - indiana – tudo diferente, misturado e parecido com a nossa vida, aqui. De premiado em premiado, ela criou perguntas que construíram a ideia de que todos estão apenas vivendo seu momento, sem se paralisarem com a possibilidade de ganhar um Nobel. Apenas trabalham, sonham, se fazem perguntas e ouvem as perguntas das próximas gerações, em busca de curiosidades notáveis. Assim como um trabalhador comum, eles constroem soluções mágicas e improváveis para o nosso futuro, no mundo. Mas nem por isso, deixam de se perguntar se a nossa falta de juízo permitirá que haja vida humana no futuro do mundo. O clima nos permitirá? Sobreviveremos a nós mesmos? Como conduziremos e entregaremos às próximas gerações um planeta minimamente respirável? Quem somos? Poderemos nos orgulhar da nossa evolução? Para onde iremos? Como iremos? Em detrimento de quem? De quê?
A parte divina de quem somos, veem? A beleza do programa - a parte divina de quem somos...
Imperdível.
Ana Ribeiro, diretora de cinema, teatro e TV
Uma conversa estimulante, entre pessoas extremamente talentosas e trabalhadoras e que têm uma linguagem bastante precisa e com muito mais modéstia e humildade do que poderíamos supor. Vários com pessoas na família também vencedores do prêmio Nobel o que nos dá a ideia que depois de aprender um caminho, parece ser mais fácil para os que vêm depois. Como se fosse conquistado um padrão e depois se decide seguir esse mesmo padrão. Costumamos ver isso nos jogadores de basquetebol por exemplo, mas não pensamos muito nisso na ciência e noutras áreas e afinal tem muito sentido.
Chama muito à atenção que todos têm muita honestidade e frontalidade em dizer que não sabem, em dizer que não se acham assim tão capazes, um deles chega mesmo a dizer que não sabe nada da área onde trabalha há décadas. Isso é muito interessante porque ele refere que é essa sensação de que não sabe nada que o fez ir em busca. Não conto mais nada porque tem muitas curiosidades e ideias e debates interessantes que aconselho muito a assistir e que muito. Uma última coisa que me chamou muito a atenção e que é o que me fascina nas pessoas: as perguntas interessantes que fazem, a forma interessante como respondem, a forma como as respostas abrem novas perguntas novamente interessantes. Os diálogos, as conversas, a forma de evoluir cognitivamente com os outros que era tão comum e que agora parece algo extraordinário ou até inacessível. E afinal, duas pessoas ou mais conversando, sem medo de dizer coisas que podem parecer absurdas, mas que depois podem proporcionar vidas melhores, soluções inusitadas, felicidade, bem estar. Amei. Penso que vai amar e aconselho a estimular os jovens da sua família e vizinhos a assistir também. 45 minutos que podem abrir novas perspectivas, mudar vidas.
Ana Santos, professora, jornalista
Sinopse: Os laureados de 2022 nas áreas de física, química, medicina e ciências econômicas conversam com Zeinab Badawi e estudantes na platéia do Palácio Real de Estocolmo sobre suas descobertas e conquistas, e como elas podem encontrar uma aplicação prática.
Link com o programa completo:
https://www.youtube.com/watch?v=LutI8YqJkqM
Canal Youtube Nobel Prize https://www.youtube.com/@NobelPrize/videos