Sendo definitivamente um filme moderno, MEU PORTO SEGURO traz de volta “a fala do corpo”: pessoas amorosamente enroladas, pernas nas pernas, mãos nas mãos, olhos nos olhos e beijos e abraços e carinhos. Se o roteiro fosse só isso, já seria tão pleno e maravilhoso vermos manifestações de amor por todos os lados – e esqueçam o amor sexual porque ele não é a tônica aqui – que o filme valeria à pena mil vezes. Mas o enredo tem poder, tem explosão e do meio para o fim você não quer que aconteça o que sabe que vai acontecer. Precisaram de milhões e milhões? Não. O amor ou sai pelo corpo ou nem adianta forçar e o elenco escolhido é tão bom em se amar...
Um pouquinho água com açúcar? Mas que filme de amor não é doce? E que mal há em ser doce? Em ser um pouco mais sensorial? Claro que num Brasil cercado de “machos ogros dando tiros pra todos os lados” a gente fica até um pouco tímida de dizer: “fora”, à essa grossura toda. Mas as mulheres nasceram para construir momentos perfeitos onde o amor está no bolo, no sorvete, no sorriso, nas despedidas, na morte, na vida. Há o amor e dele tudo emana de uma maneira simples.
Então, embora possa parecer “antigo”, esqueça a pipoca, pegue seus amores – sejam eles quem forem – e vejam o filme deitados. Lá uma hora você vai se permitir o carinho enroscado, o pé que tenta se esquentar por baixo de um pedaço de corpo e vai se reaperceber amoroso e mais bonito.
Não veja o filme apenas. Aproveite-o para sentir quem você ama ali pertinho, ao alcance das suas mãos, pés, pernas. Sinta a delícia do seu tato no corpo, nos corpos. Enrosque-se! Vale cada minutinho!
Ana Ribeiro, diretora de cinema, teatro e TV
Um filme aparentemente “cor de rosa”. Na verdade fala de forma “cor de rosa” da nossa vida bem real. E aí, infelizmente, as coisas raramente se resolvem assim tão bonitinhas.
Filme sobre relações ocasionais, pelo menos para alguns e as relações “impossíveis” para outros. Relações de uma noite, para uns, e as relações emocionais e sensitivas de uma vida inteira, para outros. A dedicação de um ser humano ao seu destino, às suas escolhas, ao amor e a distração e superficialidade de quem acha que tudo pode e que a vida é uma viagem para curtir. Nossa!! O filme toca muito para quem já viveu alguns anos, para quem já foi tocado por escolhas da vida real.
Um filme da Turquia, com um roteiro surpreendente, lindo, com uma música terna, com atores muito bons, com um cenário belo, rico, que celebra a cultura, a música, as artes, as artes gráficas, a decoração. Muito fofo, muito encantador, com uma dedicação profunda à vida sensitiva, que afinal é a verdadeira vida. Recomendo, recomendo totalmente. Tem um carinho indireto a todas as mães solteiras, mães de uma noite e às mulheres incríveis que demonstram ser, susceptíveis de críticas dos que se acham muito corretos e certinhos e, se olharmos bem, a vida é tão diferente dessa aparência...
Ana Santos, professora, jornalista
Sinopse: Diagnosticada com uma doença terminal, uma mãe solteira conhece um solteirão afável enquanto se debate com o futuro de seu filho teimoso de seis anos.
Diretor: Ketche
Elenco: Asli Enver, Kaan Urgancioglu, Mert Ege Ak.
Trailer e Informações: