Isso pode acontecer na vida de qualquer pessoa. Aqui mesmo em Salvador, fizemos um episódio do programa SER com vários condenados injustamente – e os reunimos em curto espaço de tempo – temerosamente.
Exatamente por isso, LONG SHOT é um filme sensacional – ele não apenas é possível, mas é passível de acontecer na vida qualquer pessoa. Em 40 minutos preocupantes, Juan Catalan é envolvido num assassinato do qual estava há quilômetros, graças a um retrato falado parecido com ele.
Como foi livrado de maneira espetacular, não vou contar, mas as cenas, a mistura de pessoas, a busca de identidades em meio à uma multidão foi muito bem redesenhada e vale conferir.
Bem filmado, roteiro bem feito, emocionante – o que mais uma família precisa para se reunir e ver um filme?
Ao final, o escrutínio do destino, no nosso medo: e se as coisas tivessem acontecido de outra forma, o que se poderia fazer, como provar a inocência de uma pessoa?
Como escapar desses desatinos, descaminhos, do destino?
Vejam o filme.
Ana Ribeiro, diretora de cinema, teatro e TV
Um documentário sobre uma situação de injustiça que é resolvida com ajuda de imagens de vídeo. Você vai ver um jogo de Beisebol com sua filha pequenina, tamanho é o amor que você tem pelo Beisebol e isso pode o salvar de uma pena de morte. É arrepiante: ouvir a promotora de justiça, os detetives, policiais, investigadores que acusaram um inocente, falarem com tamanha arrogância, prepotência e convicção. Mais arrepiante ainda ouvir o condenado, sem nada ter feito. Você ser preso apenas porque as pessoas que o podem fazer, te prendem sem certezas, ou com certezas sem provas, sem verdade. Parece que apenas desejam resolver, arquivar e seguir a vida para outro caso. Quanta gente inocente estará presa por causa destas ações sem nexo? E quantas pessoas, verdadeiramente culpadas, estão livres, felizes e caladas?
Neste caso tudo fica bem, mas arrasta crianças pequeninas a terem de testemunhar em tribunal, vendo seu pai algemado. Pais assistindo seu filho sendo considerado assassino. E depois, quando as boas oportunidades, as boas ações se conjugam, um advogado que decide defender e resolver uma situação extremamente injusta. A memória daquele acusado, que é rica e inundada de pormenores sobre beisebol, sobre quem estava, o que aconteceu, como aconteceu, a recordação da pontuação, das jogadas, das vezes que sua namorada lhe ligou para saber se o jogo já tinha terminado. Depois? Depois a tecnologia, a possibilidade de saber onde a pessoa está localizada quando atendeu aquele telefonema. E por último, a sorte de, naquele dia e momento, uma gravação para a HBO estar a ser realizada do lado da sua cadeira. Num estádio com mais de 27 mil pessoas.
É, a vida é cheia de surpresas: umas boas, outras horríveis. Mesmo nas situações mais horríveis, manter o foco, perceber e tomar as melhores decisões, memorizar os detalhes mais estranhos, nunca desistir. Porque a certeza daquela promotora me incomodou – tem aliás um currículo conhecido de nunca se enganar. A vida nos ensina que esses normalmente são os que se enganam mais.
Todo isto seria apenas um bom roteiro de filme se você fosse branco, loiro de olhos azuis. Mas Hispânico? Afrodescendente? Mulher? Pobre? Rapaz...se cuide.
Ana Santos, professora, jornalista
Sinopse: Um homem inocente é acusado de assassinato. Para provar que ele não tem culpa, seu dedicado advogado parte na frenética busca de um álibi entre milhares de torcedores de um jogo de beisebol lotado.
Direção: Jacob LaMendola
Elenco: Juan Catalan, Alma Oseguera, Todd Melnik.
Trailer e Informações: