Procurei o filme com absoluto interesse porque acredito piamente na teoria desenvolvida no espiritismo: somos eternos e evoluímos o tempo inteiro – é um fato pra mim, isso.
Esperava que o filme se baseasse também em ações verbais, como O gênio e o louco – “filmaço” que vimos e comentamos há pouco tempo atrás. Mas surpreendentemente, não.
A primeira coisa que senti foi que o ritmo era lento, numa história onde as emoções não paravam de acontecer. Parece um contrassenso – eu também achei. O fato é que o filme é lento e não nos induz a imaginar, o que causa outros problemas, como por exemplo, eu perceber que a sopa estava fria porque não saía fumaça nenhuma.
O fato de que o filme não induz a imaginação cria talvez o maior problema de todos – os espíritos ficaram invisíveis, transparentes, inimagináveis que eram. Não nos estimular nesse sentido criou um vazio que, de tão concreto, se poderia tocar.
Fora isso, uma história que merecia ser contada há muito tempo. Um enredo por si mesmo envolvente, num momento histórico onde o catolicismo monitorava como deveria evoluir a fé humana – fato que outras religiões insistem em continuar fazendo nos dias de hoje e que precisa ser apontado repetidamente para os mais lentos ou mais míopes entenderem que, se a fé deixa de ser um mecanismo de evolução, passa a ser um jogo de poder – bem terreno e pouco espiritual, aliás.
Vale a pena ver para debater a evolução das religiões e principalmente da nossa fé. Se nos vemos em evolução ou parados na vida, sem nenhuma preocupação importante com as pessoas, só ali comprando, consumindo e gastando pra tamponar os buracos que fazem diferença para o espírito humano. E sabendo o que significa o espírito humano – e se você não sabe, aproveita a deixa que eu dei, vai na internet e procura o significado da nobreza do espírito, da força interior que a fé traz.
Só isso, já vale o filme inteiro.
ANA RIBEIRO
Diretora de teatro, cinema e TV
Acreditar no que não é visível, aceitar o que não se entende. O mundo parece ser o que se vê, mas talvez não seja só isso. Pensar diferente não significa sempre que alguém está errado. Cada um aceita o que está preparado para aceitar. O tempo nisso é um grande sábio.
Um homem culto, pragmático, da ciência, bastante resistente para aceitar o que não compreendia. Como todos somos. Você recusa, recusa, recusa, até que as evidências te obrigam a aceitar.
Uma vida dedicada ao que se acredita, mesmo com todas as dificuldades, resistências e perigos. Pode não se acreditar já que cada um tem essa liberdade, mas no mínimo devemos ter um grande respeito por quem enfrenta as normas.
Um filme brasileiro, com uma produção gigantesca. Muito apoio, muito dinheiro envolvido. Uma pena que tenha descurado/negligenciado/descuidado alguns pormenores.
Ana Santos, professora, jornalista
Informações sobre o filme:
https://www.imdb.com/title/tt9213932/
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