Em tempos de ficar em casa pra salvar vidas, o Bug se sentou na frente da TV, neste domingo. Que documentário, que pessoa, que história! Uma das melhores qualidades americanas talvez seja a de apontar e valorizar suas inteligências. E talvez seja essa uma das nossas maiores deficiências, no Brasil – mal e mal sabemos quem somos. Chegar à valorização do que pensamos e como agimos, então... estamos muito longe de nós mesmos.
O doc mostra com absoluta clareza que Maya Angelou poderia escolher pôr-se entre as vítimas do mundo e acharia seu lugar com facilidade por incontáveis motivos – era negra e mulher e ousava ser autônoma em todos os sentidos, o que a levou a enfrentar o tempo e a sociedade americana com talento para praticamente todas as artes.
Dentro de uma vida repleta de dificuldades de toda a sorte, teve também o privilégio de ver, conhecer e trocar ideias com todas as grandes personalidades da história recente dos Estados Unidos, a começar de Martin Luther King e Malcolm X, para terminarmos em Oprah Winfrey, Bill e Hilary Clinton e Barack e Michelle Obama – todos eles próximos de sua personalidade, de sua genialidade, no celeiro de dois séculos de diamantes políticos, religiosos e culturais.
Ser genial quando o mundo se acostumou a ver e conviver com pessoas medíocres que precisam da força bruta para alinhar suas ideias é incrivelmente comum, antes e depois da internet – o século XXI certamente entrará para a história com seus exemplos de estupidez política e social que culminaram no Corona vírus – talvez a pergunta principal seja o que podemos fazer para obtermos das nossas personalidades o melhor que elas têm para ofertarmos algo ao mundo. Como podemos fugir de robôs e fake news para olharmos atentamente para a face das pessoas, pedindo respeito. Respeito para não chamar mulheres de vagabundas num hip hop; respeito para mostrar o que os anos agregam à nossa personalidade; respeito social, cultural, familiar.
Maya Angelou teve a coragem para fazer cada uma dessas coisas a cada poema, texto, peça, a cada interpretação, a cada música, a cada discurso, a cada cena. Uma mulher que deveria ter nascido com todas as nacionalidades porque serve de exemplo pra todos.
Um filme imperdível. Uma personalidade admirável. Alguém exemplar para seguir e tentar igualar, como ser e sobretudo como mulher. Mesmo sabendo que é muito difícil. Quase impossível. É muita luz.
Ana Ribeiro, diretora de cinema, teatro, TV
Saber sobre o seu percurso de vida e ler algum poema ou livro é obrigatório. O poema que fez para o dia da tomada de posse de Bill Clinton - "On the Pulse of Morning" - ou o poema “Still I Rise”/”E Ainda Resisto”, são poemas obrigatórios de conhecer. Obrigatórios.
Não perca este documentário. Verá um percurso extraordinário de um ser humano que desde que nasceu só encontrou dificuldades. Que a lógica da vida nunca permitiria que vivesse o que viveu. Mas viveu.
Admirada por presidentes, atores, escritores, políticos, músicos,...é uma referência e um apoio para os momentos difíceis que todos passamos de vez em quando na vida. Momentos em que não entendemos porque fomos escolhidos para aquela dificuldade. Momentos em que a vida provoca travagens na nossa força, na nossa energia e nos nossos sonhos. Quando estiver num momento desses, leia algo de Maya Angelou. Ouça o que falava, tem tudo na internet. E se mesmo assim tudo falhar, “Still I Rise” é o poema, é o abraço, é a porta por onde você vai sair de novo.
Pense nas personalidades mais importantes do mundo, da sua época, que lutavam pela justiça para todos. Conheceu todos, foi influenciada e influenciou todos.
Uma das minhas maiores descobertas na vida foi esta senhora. Surpreendente e encorajador como transformou dor, injustiça, incompreensão, solidão, pobreza, etc, em caminho. Com a leitura e com a escrita. Com a PALAVRA. Sua grande ferramenta. Sua salvação. Assustador saber que as crianças e jovens estão lendo cada vez menos, o que implica escrever menos e falar menos. Assustador porque não poderão fazer o que fez Maya Angelou – se salvar...
Uma MULHER, uma luz, uma energia, uma força. Imperdível.
Ana Santos, professora, jornalista
Link na Netflix
https://www.netflix.com/br/title/80097361
Maya Angelou recitando o poema “Still I Rise”