
Indo direto ao ponto: OBRIGATÓRIO. Todas as vidas estão passando por isso porque o sistema estabeleceu que seria mais fácil nos cansar, ao termos que ser produtivos assim. Quem é o sistema? O mercado, a política, a burocracia, o mundo do dinheiro que vai nos enrolando com práticas que na verdade são apenas uma forma incontestável de perda de tempo, gasto de energia e esforço, por metas que demoram muito mais que o aceitável para acontecerem. O CEO da empresa diz que mudou a forma de funcionamento para facilitar a comunicação, mas existem cada vez mais camadas para que o operário possa chegar a seu líder e propor pequenas mudanças facilitadoras. Você liga para um órgão público e é passada de Inteligência Artificial em Inteligência Artificial, com músicas chatas, números e escolhas irritantes. Os parênteses são: desista de pedir, apenas faça.
E isso tem um preço. O burnout. O esgotamento absoluto. Ninguém admite que tem burnout porque o sistema coloca esse cansaço extremo não como doença, mas como fraqueza. E todos se forçam a ir trabalhar, mesmo que não faça sentido estar presente para falar online com uma equipe do outro lado do mundo, se podemos fazê-lo de casa, com os mesmos resultados.
Uma reportagem incrível, bem feita, muito bem editada, com roteiro engenhosamente simples: usar a frustração de bebês para demonstrar a nossa - a que escondemos do mundo. Animações incríveis coabitam com o espectador do filme, nos apontam dados – sempre tão chatos – de uma forma nova.
Você já pensou o que essas camadas além fazem na sua vida? Já pensou que podemos apenas nos unir e confeccionar parcerias independentemente do contexto social, de trabalho – apenas com o objetivo de facilitar as vidas de todos?
Há anos atrás fui criticada por ter sugerido a um vereador que iluminasse artisticamente o vão de um viaduto da cidade Salvador da Bahia. Disseram-me que por ter indicado apenas, meu nome jamais seria vinculado à iluminação. Mas afinal, o que eu queria era poder passar por ele à noite sem sentir medo. O que o meu nome na placa iria ajudar?
Camadas. De vaidade, de orgulho, de burocracia, de palavras inúteis que tamponam a falta de ação.
Você vai acabar de ver o filme diferente e talvez consiga se associar para diminuir essas camadas socio-administrativas inúteis.
Veja e me diga.
Ana Ribeiro, diretora de teatro, cinema e TV
Nossa!!! Que documentário!!! Imperdível!!!
Acerta em todas as direções, no atual mundo do trabalho e no dano que causa aos trabalhadores. Expõe os problemas, a estrutura trabalhista dos novos tempos, a forma como se escolhe os CEO, o valor de cada pessoa de acordo com sua função, o valor da vida de cada um. A forma como os CEO tentam “mostrar trabalho”, mas afinal não é nada produtivo, nem saudável, nem adianta nada. Só mexe.
Tanta coisa que você ouve neste documentário que nunca ouviu mas sempre soube porque sofreu na pele ou viu outros sofrerem na pele. É um documentário obrigatório para todos porque todos corremos riscos muito elevados de adoecer com as exigências permanentes do trabalho, a falta de tempo e espaço pessoal, a forma como as exigências nos envenenam, nos amarram, nos asfixiam. A quantidade de papeis, formulários, projetos, relatórios, reuniões, etc.
A forma como guardamos as dores e sofrimentos com medo que os outros não entendam quando afinal os outros também estão a passar pelo mesmo. Mas ninguém fala para não ficar conotado como fraco, incapaz. Vamos fazendo de conta que estamos bem, até o corpo dizer que chega.
Assista, envie para quem você acha que também deve assistir. Converse em casa, reformule a sua vida, seus passos, seus objetivos. Existe sempre um jeito de ter uma vida melhor, mais saudável. Existe sempre um jeito.
Ana Santos, professora, jornalista
Sinopse: Reuniões supérfluas, papelada sem fim e gerentes incompetentes - parece familiar? Empregos que envolvem um fluxo constante de demandas aparentemente inúteis podem prejudicar nossa saúde a longo prazo. Este filme analisa com humor como desperdiçamos tempo potencialmente valioso no local de trabalho.
Em um cenário ideal, o trabalho é gratificante. Mas muitas pessoas em empregos de escritório acham que seu trabalho diário as está deixando infelizes. Claro, pode-se argumentar que a insatisfação desses funcionários é principalmente um subproduto da industrialização. Eles estão em profissões seguras, não fisicamente exigentes, que geralmente são relativamente bem pagas - ao contrário de muitas pessoas neste mundo que vivem em circunstâncias muito mais terríveis. Mas esse desperdício incomparável de recursos humanos é um dos maiores dramas não contados do nosso tempo?
"The Happy Worker" explora as razões pelas quais gerentes altamente pagos gostam tanto de repetir frases banais, seguindo métodos de gestão abstrusos e envenenando o ambiente de trabalho para o benefício dos acionistas. De acordo com uma pesquisa da Gallup, apenas 13% da população trabalhadora se esforça para ter um bom desempenho em seu trabalho. No entanto, 64% dos funcionários não se importam com seu trabalho e buscam passar o dia com o mínimo de esforço. 25% dos trabalhadores odeiam tanto seus empregos que até trabalham contra a empresa que os emprega. Embora os números variem de país para país, essas tendências podem ser observadas em todo o mundo.
A sensação de que seu trabalho é inútil deixa muitas pessoas doentes. O documentário ouve pacientes se recuperando de esgotamento. Os relatos de suas experiências são avaliados por vários especialistas, incluindo a pioneira de Berkeley em pesquisas sobre esgotamento, a psicóloga Christina Maslach.
Elenco: Christina Maslach, David Graeber.
Link do documentário completo:
https://www.youtube.com/watch?v=raVms8w61No
https://www.modernghana.com/videodocumentaries/13/31721/