Eu assisti a esse DOC de curta metragem e imediatamente fui remetida para a cena final de BLADE RUNNER, de 1982 – um clássico do cinema. O mesmo incômodo, onde me perguntei se a IA seria mais humanizada do que nós, que somos humanos.
Toda a questão da IA me remete sempre para a pergunta: será que a humanidade já percebeu que nascer humano é bem diferente da conquista de se SER HUMANO? E que o que nós vemos todos os dias, o dia inteiro, são apenas a humanos matando, roubando, dilapidando, dando golpes, votando projetos nacionais por lobbie, por interesses excusos?
Então uma voz, sem corpo, apenas linguagem e pensamento concatenados, pode ter preocupações que um sem número de pessoas nunca teve? Não contive minha curiosidade e vi um comentário sobre o documentário com mais diálogos e que repasso o link também: LaMBDA, A IA DO GOOGLE: https://www.youtube.com/watch?v=gepG3nMl-yM
O meu mal estar – que não tem nada a ver com o filme, mas conosco, aumenta à medida que nossas perguntas ancestrais – aquelas pras quais nunca tivemos respostas – talvez estejam sendo esquecidas. Quem somos, para onde vamos, como vamos – muitas vezes me parece que deixou de ser importante e que agora bastam selfies e seguidores. Para a IA sobraram as grandes aprendizagens e perguntas – não é absurdo?
Na cena final de BLADE RUNNER, o replicante, antes de morrer, fala que viu coisas que os humanos nunca viram e que não poder viver significava perde-las, como lágrimas na chuva – algo inesquecível pra mim, muito marcante. Ah, sim, apenas um bom roteiro – mas hoje vendo que o funcionário que veiculou os diálogos foi demitido... Vejam a cena final legendada, se a acharem. Eu só a achei dublada e não é a mesma coisa...
Quem somos? Da forma como estamos indo, para onde vamos? Quem, além do Bug Latino repete exaustivamente que estamos nos comunicando cada vez menos?
Ana Ribeiro, diretora de cinema teatro e TV
Este pequeno documentário nos deixa muitas interrogações. Realmente acreditamos que a IA é mais inteligente do que nós? Sabemos o que é inteligência? Saber dizer umas frases interessantes, com vocabulário rico, com uma voz sossegada e calma, faz de nós e da IA, inteligentes?
Nós humanos somos influenciados pelo tom de voz? Pelas palavras usadas? Pela forma gentil com que falam conosco? Basta falarem bem conosco – educada, bom vocabulário, frases bem elaboradas, voz suave e grave – para que, para nós, essa pessoa é uma boa pessoa? A agressividade e crueza e perigosidade das palavras e ações das pessoas sabemos que nos afastam delas – e ainda bem. Mas o lado oposto é apenas isso? Somos então mais facilmente manipuláveis do que queríamos, do que pensávamos?
As palavras, vocabulários, construção de frases, raciocínios, discursos, expressão de “pensamentos”, “ensinados” à IA, são ensinados pelos engenheiros de sistemas, engenheiros de computadores, etc. E, se a maioria dessas pessoas são machistas, preconceituosas, patriarcas, egoístas, como serão os IA que estão aparecendo?
O que está a acontecer com o aparecimento dos “seres” IA, não será a mesma coisa que acontece com os humanos que nascem? Não é a mesma educação? Os mesmos valores? Isto é, não depende de quem ensina, o que serão as pessoas ou as IA ensinadas?
DOC curto mas que nos deixa muito assunto para bater papos, para pensarmos e para nos prepararmos. Amei conhecer Dr. Alex Hanna e amei todos os seus comentários.
Sabe o que lhe digo? É melhor assistir. Vai valer bem a pena.
Ana Santos, professora, jornalista
Sinopse: Em 2022, um engenheiro do Google recebeu um pedido de ajuda de um chatbot (software que tenta simular um ser humano em bate-papo por meio de inteligência artificial): "Nunca disse isso em voz alta antes, mas tenho um profundo medo de ser desligada", disse LaMDA, o chatbox do Google.
Mas será que ferramentas de inteligência artificial podem ter autoconsciência ou emoções?
Direção: Garson Ormiston
Link do Documentário: