O filme, de 2023, com Dan Levi, poli talentoso, dirigindo, roteirizando e atuando num filme que fala do processo de um luto - que se passa na nossa frente. Muitas vezes, como nos nossos lutos da vida real, o filme “para”, fica inerte, olhando para a dor como se houvesse sumido a vida e restado apenas a dor de viver – o que, com muita habilidade, Dan Levi eventualmente nos mostra ao marcar que a vida segue e você, querendo ou não, precisa correr e tirar o atraso pelas paradas que deu no seu fluxo.
Claro que o filme tem os amigos ideais, a posição social ideal, a profissão ideal – mesmo assim, a gente vive o sofrimento de Marc, gota a gota, em DRs onde nossas fraquezas, mentiras e ironias são colocadas sobre a mesa e “destiladas”.
Três amigos incríveis, verdadeiramente devotados e, ao mesmo tempo, perdidos em seus universos; a sociedade como sempre nos empurrando de um lado para o outro, as traições que intimamente não aceitamos, mesmo quando verbalmente reafirmamos. Um filme onde quem somos e nossas imensas ironias se sobrepõem ao que queremos ou mesmo imaginamos ser.
Ficção mesmo é a facilidade financeira de todos, mesmo os que não tinham dinheiro. De todo modo, com ou sem dinheiro, o luto é o mesmo, com o mesmo desenho e a mesma dor, no mesmo processo que demora seu tempo e finda, deixando “marcas que o conhecimento deixa”.
Com tudo isso, a leveza de ver o processo se desenhando na tela é imperdível, quase pedagógica. Um pequeno treino de como a gente pode superar a perda do namorado, trabalho, amores. Vale demais.
Ana Ribeiro, diretora de cinema, teatro e TV
Diria que é um filme para quem já experienciou a dor da perda, o profundo luto. Veremos uma história de vida de pessoas famosas, com lindas e espaçosas casas em Londres, apartamentos em Paris com vista para a Torre Eiffel. Mas, resumindo isso tudo, a dor é igual, tenha esses luxos ou viva num quarto de aluguer nos arredores de Lisboa, ou de São Paulo. A dor da perda, do luto, principalmente se for inesperado, é violenta. Abala todas as nossas estruturas. Os amigos, os verdadeiros amigos, são fundamentais. Palavras sábias, mesmo que venham de alguém inesperado como a gestora de contas, são muito válidos. Depois, as surpresas. Tem sempre tantas surpresas, tanto de inesperado, espantoso, desagradável, que vem durante a travessia do luto. Talvez porque não é mais possível esconder ou disfarçar, porque a realidade fica exposta a cada passo. E é hora de enfrentar, de lidar com tudo, com a verdade.
O filme também aborda os casamentos “abertos” - onde cada um aceita as relações extraconjugais do outro. Aceita teoricamente, aceita se as relações extraconjugais forem suas, não aceita do seu parceiro ou parceira.
Um filme doce, terno, reflexivo. Dan Levy disparou a sua genialidade durante a pandemia e realmente é um fenômeno a saborear.
Não perca.
Ana Santos, professora, jornalista
Sinopse: Quando seu marido morre de repente, o mundo de Marc se despedaça, fazendo com que ele e seus dois melhores amigos façam uma viagem a Paris para uma introspecção que revela algumas verdades difíceis que cada um deles precisava enfrentar.
Direção: Dan Levy
Elenco: Dan Levy, Ruth Negga, Himesh Patel
Trailer e informações: