É um thriller, pode-se dizer. Como todo thriller, precisa ter uma amarração muito boa – as vezes nem tão boa assim. DESCANSE EM PAZ, portanto, é um filme bom, mas não incrível.
Seu pior momento seja, talvez, a opção dos homens por “empunharem suas armas e saírem à caça” – uma coisa meio bizarra e ridícula, uma vez que o protagonista sumiu porque quis, quando quis, tendo a vida que quis. A possessividade com a escolhas da mulher são uma opção pelo machismo, quando se poderia caminhar por outras situações. Assim, com discordâncias tão grandes, mesmo que fosse a melhor produção do mundo, teríamos “nossos momentos” de desavenças. E a produção não era a melhor do mundo.
Serve como um bom conselho, principalmente diante desse pessoal totalmente viciado pelas Bets e que apenas se concentram em “achar mais dinheiro”. Há coisas que conseguem conserto, mas outras tantas existem e que fogem ao conceito de consertar porque são altamente destrutivas. Pegar dinheiro com agiota pra consertar a vida, certamente é uma delas.
Apesar disso, Joaquín Furriel teve bom desempenho. Algumas discordâncias de abordagem, mas afinal... podem acontecer.
Vale talvez à pena pra aproveitarmos pra falar de como evitar cair nas garras dos mafiosos que aparecem pra te ajudar – eu tive um pedreiro que chegou um dia feliz porque um banco da Cidade baixa estava “dando” dinheiro – ao que eu disse – banco vende dinheiro. E caro! Vai lá e devolve isso. E tinha juros exorbitantes de um dia para o outro, acreditem.
Assistam e comentem aqui com a gente. O que acharam?
Ana Ribeiro, diretora de cinema, teatro e TV
Um filme com um roteiro inusitado. Nos remete a 1994, quando sucedeu o atentado terrorista contra a Associação Mutual Israelita Argentina (AMIA). A trama tem um antes e um depois do atentado.
Aborda a situação das famílias de classe média que vão se mantendo na classe média, à base de empréstimos, agiotas, acumulo de dívidas. Aborda o perdão, a culpa, o refazer da vida, a capacidade – ou não – que temos de seguir adiante. Aborda a dúvida que fica, sempre que morre alguém, mas não existe um corpo para fazer o luto. Aborda a dor na tragédia e como as pessoas, por vezes tão distantes, se podem entender e ou se aproximar. Aborda o fato de que na vida existe sempre a solução, mesmo quando a gente acha que não há. Como o amor pode ser libertador e como a dor pode ser um veneno. Um filme com imensas texturas, reflexões e estímulos.
Excelentes atores, excelente produção.
Tem momentos tocantes, momentos inesperados, momentos engraçados, momentos dolorosos. O cinema argentino me mantendo apaixonada pela sua capacidade, sensibilidade, capacidade de falar sobre temas muito importantes da vida.
Ana Santos, professora, jornalista
Sinopse: Sergio está afogado em dívidas e problemas de saúde, mas encontrou uma forma de salvar a família dessa ruína toda. Só que o preço a pagar talvez seja alto demais.
Direção: Sebastián Borensztein
Elenco: Joaquín Furriel, Griselda Siciliani, Gabriel Goity.
Trailer e informações:
https://www.imdb.com/title/tt28769440/