Os filmes italianos têm uma pitada over de maneira geral e BELA E REBELDE não fugiu à regra. É baseado numa história real, o que é sempre bom e eu amo. Não conhecia a história de Gianna Nannini, não conhecia sua música, mas dá pra reconhecer o estilo italiano de longe.
A história repete o que a gente vive e tantas vezes também repete: ao invés de respeitarmos aquilo que as pessoas trazem e querem fazer de suas vidas, as obrigamos a ser o que consideramos melhor; mas quem sabe escolher melhor do que o dono de cada vida? Se fosse na Índia, chamaríamos de Dharma ou o que você veio fazer no mundo. Poderíamos chamar de destino, talvez. Mas tenha o nome que tiver, não entendo porque os pais acham que podem tirar seus filhos do trilho que querem, ao invés de apenas orienta-los naquilo que escolheram.
Pois bem: o pai faz isso tudo, Gianna responde com loucuras e apenas quando se perde totalmente é que foi resgatada pelo amor do pai. Não sei bem se foi a produção, a direção ou a repetição desse tipo de atitude familiar que acabou me desestimulando um pouco; o fato é que eu creio que contaria a história de outro jeito, embora seja essa a história a ser contada, a biografia. Não sendo nada água com açúcar, pareceu ser, o que levanta essa questão da falta de alguma coisa.
É um bom filme para as famílias abrirem uma porta de discussão sobre drogas e equilíbrio emocional. Sobre felicidade e dedicação a uma paixão. Talvez a questão da felicidade seja a mais importante deste século e, portanto, vale demais todos se sentarem juntos para falar – coisa rara – de como cada pessoa pode cumprir seu destino, o papel das famílias, apoio familiar, etc. Uma boa pedida, nesse sentido.
Ana Ribeiro, diretora de cinema, teatro e TV
O Brasil tem grande nomes mundiais da música e isso faz com a população se volte pouco para saber, ouvir e conhecer a música de outros países. A sua música lhe basta e realmente é uma riqueza impressionante. Mas de vez em quando também é importante que se olhe para fora e se conheça outras histórias. É o caso da história de vida da cantora italiana Gianna Nannini, neste filme da Netflix – numa produção bem simples e modesta. Uma das maiores estrelas da música italiana, desde menina com um amor à música, sempre contrariado pelo pai, empresário italiano rico e famoso.
É impressionante como esta história se repete – pais que desejam outros caminhos e não aceitam as decisões dos filhos. Tanto mal se podia evitar se tudo fosse diferente. Somos considerados inteligentes – nós mesmos nos consideramos assim - mas nem sempre nas coisas mais importantes. Gianna era diferente em tudo - chocante, provocadora - numa época moralmente ainda muito fechada da Itália, da Europa e do mundo. Não desistiu, mas talvez os excessos tenham deixado profundas marcas – talvez os excessos deixem sempre marcas. Falamos que o amor salva e sabemos que o amor sempre salva. Só é pena percebermos e atuarmos nesse sentido quando estamos mesmo muito mal ou no fim do nosso caminho por aqui.
A sua história também nos mostra como é difícil quebrar as camadas do sistema – de qualquer sistema de qualquer lugar do mundo – para conseguirmos fazer o que temos talento para fazer.
Apesar de ser um filme muito simples e com problemas de ritmo, a história de Gianna Nannini merece ser conhecida.
Ana Santos, professora, jornalista
Sinopse: A história de uma das maiores estrelas do rock da Itália, Gianna Nannini, que superou obstáculos na família e na indústria musical para realizar seu sonho.
Direção: Cinzia TH Torrini
Elenco: Noemi Brando, Selene Caramazza, Alessandro Cucca
Trailer e informações: