O filme passa bastante na TV a cabo, portanto é fácil de encontrar. O roteiro – muito hábil – coloca como foco a habilidade que a vida tem de nos tirar tudo, desestruturar cada pequena conquista – o que parece ser péssimo, e é – para nos apresentar aos melhores momentos da nova vida, guardada para ser dada a nós – se permitirmos. Se a escolhermos.
Tudo foi retirado de Jacob Jankowski em um instante, um piscar de olhos. Também tudo foi retirado de Rosie, uma elefanta incrível, da vida de Marlena – “grande estrela da companhia” - e da vida de todos os habitantes daquele circo.
Muitas vezes brutal, grosseiro, outras tantas doce, cativante, cheio de descobertas e trocas, dores e pequenos (grandes) segredos, o dono do circo “se apropria“ do conceito do que é liderar uma trupe – principalmente naquele momento da grande depressão americana.
Robert Pattinson conduz seus silêncios, olhares, descobertas ao clímax do filme com maestria, tendo Reese Witherspoon fazendo muito bem, delicadamente, todos os seus contrapontos. A fofura de Hal Holbrook, ligando presente e passado com esse mesmo traço de delicadeza que marca a construção do filme e que expõe a brutalidade de trocar o bem estar de pessoas por lucros, dada através da interpretação também impecável de Christoph Walltz.
Vale assistir em casa com a família toda. As crianças podem ver, o circo é uma delícia, há aulas e lições a dar, conversar. Mesmo sendo da categoria “antigo” – 2011 – preenche muito bem o nosso coração. E filme de amor sempre vale à pena, gente!
Ana Ribeiro, diretora de cinema, teatro e TV
No início parece ser um filme um pouco “água com açúcar”- leve e para passar uma tarde de domingo. Mas é um engano.
Bons atores, grande produção, um roteiro instigador. Suscita várias reflexões. O que fazer quando a vida te tira o tapete? Quando não se tem nada deve-se aceitar qualquer coisa? E a sensação que temos muitas vezes de que a nossa vida não tem saída – quando estamos envolvidas em problemas, em dificuldades, sem ver nenhuma saída? Pois o filme nos lembra que sempre existem saídas – sempre. Basta não desistir de tentar. Por vezes as circunstâncias da vida, nos cortam o futuro, nos secam por dentro. Mas sempre existe algo na frente pelo qual vale a pena seguir – nem que seja apenas o que seremos. Ficar assistindo ao que está errado, sem nada fazer, com medo de perder o pouco que se tem, faz com que a gente contribua para nada mudar. É bom que a gente saiba, como o filme nos mostra, que basta alguém – que podemos ser nós – basta uma pessoa apenas que comece a questionar, a confrontar todos ou alguns com o que se faz e a forma como se faz, a agir de forma mais correta, para que algo se comece a “mexer”, a mudar. Por vezes com enorme risco, sabemos, mas por vezes sem risco nenhum – apenas porque ninguém se tinha lembrado de o dizer, de o fazer, apenas porque uma pessoa tinha assustado todas as pessoas e todos estavam presos “à perna de uma cadeira”. A cena em que o dono do circo tortura o elefante – cena que não vemos mas que nos deixa destroçadas – pede ação, pede que alguém seja capaz de dizer que isso não se pode fazer. E mais coisas que não vou contar. É importante, muito importante, o que o filme aborda, porque podemos evitar uma vida inteira de mal entendidos, um desperdício de esforços, de medos, de sofrimento.
Tem muitas mais reflexões interessantes, importantes. Não perca este filme e tente melhorar algo na sua vida e ou em sua volta. Por vezes é tão simples...
Ana Santos, professora, jornalista
Sinopse: Passado na década de 1930, um ex-estudante de veterinária arruma um emprego em um circo itinerante e se apaixona pela esposa do mestre do circo.
Direção: Francis Lawrence
Elenco: Robert Pattinson, Reese Witherspoon, Christoph Waltz.
Trailer e informação: