Há muito tempo não aparecia um filme que reunisse tantas coisas que eu gosto de ver neles: ser baseado em fatos reais, ter uma mensagem forte e ser inspirador para todos os momentos menos simples. Ele é perfeito nesse sentido – nós assimilamos que uma pessoa de 11 anos não pode tomar decisões, mas tudo o que aconteceu na vida de Jess, ela decidiu com o apoio dos pais – da mãe – e a marca de que o talento pode ser o nosso grande gerador de propósitos, fica como a maior inspiração para as nossas vidas de qualquer idade.
Nada de mansões e grandes cenários, por saberem ter a natureza como o maior e o mais bonito cenário que existe. Nada de saltos altos, maquiagem, grandes figurinos, mas a beleza do sonho, a beleza de se ter um objetivo e trabalhar naquilo com afinco e apesar de tudo. E tudo, é tudo mesmo!
Me lembrou muito o programa que nós, do Bug Latino, fizemos com Tamara Klink – a mesma beleza perfeita, sem rímel, sem preenchedor, sem botox (o link de SER do mar vai aqui:
https://www.youtube.com/watch?v=OMJkpgzCpys&list=PLY7KxWqpXlFgjfLMfCJIb_ytn3X717Z8G&index=10). Apenas a tenacidade e a dedicação como parte do que cada um é e preenche todas as cenas – e deveria ser assim.
Bem filmado, mas sem frescuras, luz da natureza – perfeita – umas montagens que eu não colocaria, mas com elenco delicioso de se ver e protagonistas bem escolhidos e adaptados um ao outro.
Textos simples, bem divididos, mesmo amigáveis porque se todos podem ser tocados pela história por que complicá-la? Pra quê?
Uma trilha incrível, que repercute muito bem. Nunca esquecendo de lembrar que trilha é um caminho sonoro – precisa nos levar para nossos lugares emocionais , a partir da história.
Vejam em família. Todos podem sair melhores como time, como conjunto humano e humanitário – sempre existe alguma coisa que se pode fazer por alguém e é importante – muito importante – que desde as crianças da casa saibam que podem ser elas a fazer e que isso requer decisão, na mesma medida que aptidão.
Imperdível, altamente “chorável”, inspirador, humano. Tudo de bom!
Ana Ribeiro, diretora de cinema, teatro e TV
A Destemida é um filme baseado numa história verídica muito impactante. Uma jovem de 16 anos decide dar a volta ao mundo em veleiro. Mas decide desde muito pequena. A sua vida, com seus irmãos e pais lhe abriu um mundo de possibilidades e pouco a travou. Seu pai talvez seja o travão maior, quem lhe lembra os medos e as linhas limite que a sociedade insiste em colocar em volta de todos. Sua mãe, uma mulher incrível. Me lembra uma frase que ouvi há muito tempo de uma psicóloga, que não lembro o nome: “Uma mãe deve proteger seus filhos de braços abertos.” Todas as dúvidas e medos, todas as situações problema ou graves, a mãe sempre ilumina e indica um caminho funcional, um caminho de ação e nunca um caminho de queixa, de medo ou de bloqueio. E apesar do seu sofrimento de mãe, permite total liberdade de decisão à filha – afinal ela sabe bem o quanto tudo aquilo é importante para ela. Um envolvimento familiar muito favorável. E um desejo, uma vontade, um sonho - desde muito pequena - na cabeça e no coração de uma menina destemida. O nome do filme tem a palavra certa – A Destemida. Ela não se pergunta sobre questões sociais em relação ao que quer. Apenas quer e faz acontecer. Até a sua escolha do conselheiro, treinador, amigo.
Um filme obrigatório para todos, para ver com filhos, com pessoas que podem estar mais tristes, deprimidas ou num momento difícil da vida por outras razões.
Não nos damos conta que somos nós que nos limitamos. Pior, somos nós que limitamos os outros de fazerem coisas incríveis por conta do nosso medo, das nossas incapacidades, da nossa preguiça ou acomodação, até das nossas invejas. Um incentivo muito estimulante a seguirmos o que desejamos e lutar, trabalhar, aprender, para o alcançar. Digam o que disserem, pensem o que pensarem.
Tem momentos em que damos conta de que tem cenas de estúdio que pretendem fazer de conta que o veleiro está no mar, mas isso não interessa para nada. Interessa que o filme te hipnotiza, abre o baú dos nossos sonhos guardados desde pequenos e nos empurra para os construirmos. Veja o filme e vá em busca da sua volta ao mundo. Não será fácil, como vemos no filme, mas é aí que entendemos o que viemos fazer aqui e a sensação de completude é algo indescritível. E, nas nossas ações que quebram os paradigmas, as paredes, abrimos caminhos para os outros. Outros que precisam sair dos lugares sufocantes e limitados onde se enfiaram.
Ana Santos, professora, jornalista
Sinopse: Uma obstinada adolescente australiana enfrenta seus medos e corre atrás do sonho de se tornar a pessoa mais jovem a velejar ao redor do mundo sozinha.
Direção: Sarah Spillane
Elenco: Alyla Browne, Teagan Croft, Cliff Curtis
Trailer e informações: