Engraçado como os filmes que falam do mecanismo da fé, trabalham com tramas diferentes que nos impulsionam sempre na mesma direção – a da alegria em ajudar, em estar pronto para a ajuda.
A COLHEITA DA FÉ não é diferente – apenas traz como meio de nos mostrar o que fazer, o exemplo a seguir, a vida dos refugiados naquela pequena comunidade americana.
Sabendo que o filme é baseado em fatos reais – eu amo roteiros assim – as idas e vindas, os nós dramáticos parecem mesmo traçados pela mão de Alguém que “entende muito de destinos”. Não era apenas buscar alimentar refugiados que não paravam de aumentar de número, mas como todos poderiam se unir, em busca de uma felicidade compartilhada – algo que parece muito distante de nós, por aqui.
Como isso poderia ser conseguido se a igreja – lugar de reunião - ia ser vendida – outra questão. Como manter as pessoas unidas, se a forma escolhida dependia de água, mas num período sem chuva. E como manter todos unidos se a colheita virou uma enchente porque a chuva veio fora de hora e o ônibus com a colheita foi apreendido pela polícia? (Porque ter Deus como roteirista é garantias de fatos ininterruptos).
Com tudo isso, um filme marcante, seguro, emocionante – com um final que não é exatamente o esperado, embora não seja propriamente infeliz. Um final altamente “chorável” e também amoroso e cheio de aulas sobre fé. Quem somos com ela e sem? Somos mais fortes, quando temos fé? São muitas perguntas.
Vale à pena fazê-las todas! Assistam sem culpa por se abraçarem aos filhos e “abrirem a torneirinha de lágrimas”. Num mundo cada vez mais egoísta, A COLHEITA DA FÉ espalha sementes de união, coletividade e amizade.
É imperdível.
Ana Ribeiro, diretora de cinema, teatro e TV
Filme baseado numa história verídica. Amo. São sempre boas oportunidades de vermos como “outros” seguem as suas vidas, em situações difíceis. Experiências que nos fazem medir, comparar, rever, nossas decisões, medos, ações.
Também nos confronta com a facilidade de criticarmos ou de sabermos muito bem as soluções para os problemas dos outros –falando, não fazendo. A vida é bem diferente quando falamos sobre ela, sobre a vida dos outros, do que fazermos a nossa vida, reagirmos ao que ela nos obriga a enfrentar.
Existe um padrão de aprendizagem religiosa – seja qual religião for – que aos bons, nada de mau lhes acontece, ou que numa desgraça, existe sempre uma solução boa se nos esforçarmos muito. Aprendizagens baseadas num mundo e numa vida de fantasia – sabemos bem que a vida não é assim tão justa nem previsível. Isso nos dificulta a vida, quando somos adultos, porque ficamos sempre aguardando a ajuda de algum lado, de alguma pessoa, da sorte, dos deuses, do universo. Sem a nossa ação nada se move. E mesmo com a nossa ação, não está prometido que tudo se resolva. Mas talvez se obtenham outras coisas, também muito valiosas. É, a vida não é uma linha reta, mas sempre tem coisas boas, mesmo naquilo que parece ser terrível.
Gostei muito do filme, gostei muito dos atores – alguns nem são atores, são as pessoas que viveram esta situação. O esforço pelo que desejamos, pode não trazer o que desejamos, mas vem algo de bom sempre. E sempre vale a pena agir, fazer, tentar. Por isso, tente ver este filme. Vai amar.
Ana Santos, professora, jornalista
Sinopse: Quando um grupo de refugiados birmaneses se junta à congregação, o pastor de uma igreja anglicana falida tenta ajudá-los plantando safras e contando com a ajuda da comunidade.
Direção: Steve Gomer
Elenco: John Corbett, Cara Buono, Myles Moore.
Trailer e informações: